Óleo de fígado de bacalhau

“O que sei é que nada sei!” (Sócrates, filósofo grego – c. 469-399 a.C)

*Cesar Vanucci

Vivendo e aprendendo. Como anota Ary Barroso, numa de suas lindas canções, “A Vida é uma escola em que a gente precisa aprender a ciência de viver, pra não sofrer.” Confesso, em boa e lisa verdade, sem me deixar prender por qualquer constrangimento, haver chegado aos 45 anos de existência pela segunda vez consecutiva, na mais santa ignorância quanto à real história do bacalhau.

O bacalhau como acontece em tantos lares e lugares, é indissociável dos cardápios mais apreciados em instantes especiais de festejos. Percorrendo as ladeiras da memória, volto o olhar nostalgicamente para os ajantarados na casa de vó Carlota. Na semana santa e na passagem de ano, a bacalhoada era de se lamber os beiços, servida em terrina reservava só para momentos de gala. A receita do acepipe tornou-se tradição familiar.

  Outra lembrança ligada ao tema, desta fase risonha da vida é menos digestiva. Minha saudosa mãe, Tonica, costumava servir-nos como fortificante, numa colher imensa, uma beberagem sorvida em meio a caretas e ao mais completo desprazer. Era o célebre “Óleo de Fígado de Bacalhau” vendido nas farmácias dentro de frasco que trazia no rotulo a imagem de um homem de terno, com chapéu à la Carlitos, carregando nas costas um descomunal pescado, ele próprio: o bacalhau.  O rotulo continha dizeres alusivos à excelência do produto, não atestada pela criançada.

Carreguei anos a fio a ideia de que o bacalhau era uma espécie de peixe, como o salmão, o atum, o bagre, o badejo, o lambari, a sardinha, o dourado, o surubim, o pirarucu e assim por diante.

Guardei comigo a ideia de que o peixe denominado bacalhau só pudesse ser encontrado nas águas geladas da Noruega. Certa ocasião, num passeio turístico marítimo pela região dos famosos fiordes noruegueses, indaguei da guia, ingenuamente, se era ali o ponto de pescaria do bacalhau. Mal contendo o riso, ela respondeu que sim. Tantos anos passados, chego à conclusão que a moça estava, na verdade, gozando minha cara. Ponho-me hoje a matutar se a pergunta tantas vezes ouvida, sobre se já vi alguma vez cabeça de bacalhau não esconde igualmente intuito de deboche…

Outra observação me acode: dantes só se falava em bacalhau norueguês. A partir de dado momento o bacalhau português botou a cabeça fora d’água, nas peixarias. Participei de discussões sobre qual o bacalhau é de melhor sabor. Em meu modo de entender o de procedência norueguesa era superior ao de procedência portuguesa, com certeza.

Toda essa conversa é para dizer ao meu culto, conquanto reduzido, leitorado que só agora, na fase outoniça da existência tomo conhecimento de que não existe um peixe específico chamado bacalhau. Bacalhau como explicam os entendidos em frutos do mar, é um processo de preparação de secagem e salga de diferentes espécies de peixe, inclusive o pirarucu que não é pescado nem no mar, nem em águas geladas, mas em água doce, em zona tropical no rio –mar Amazonas. Os especialistas em gastronomia apontam alguns tipos de peixe como ideais para a preparação das postas de bacalhau. A propósito, na virada do ano topei pela frente com uma bacalhoada. Achei o gosto bastante diferente. Não lembrava claro, óleo de fígado, mas, tão nem tampouco ajantarado dos tempos da meninice.

Por essa e por outras, o jeito é apelar para Sócrates: “o que sei é que nada sei!”

Jornalista ([email protected])

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