Jayme Vita Roso* –[email protected]
No seu discurso de posse, na gloriosa Academia de Letras Jurídicas de Minas Gerais, no dia 8 de maio de 2009, o advogado Aristóteles Atheniense gravou de forma indelével dois permanentes convergentes sobre a vida: “A espera intensifica o desejo. A parcimônia gera a excelência. Revelam-se de ninguém pode empurrar o rio” e “viver é ter vocação de esperar”.
Nascido em Rio Novo, de estirpe que o apontara para a carreira jurídica que elegeu, engrandecendo-a, seu pai, Lafayette Dutra Atheniense, mesclou o tripé da nobre profissão, advogado, promotor e juiz de instrução.
Igualmente, mas só como advogado, transitou, gloriosamente, em todos os escalões que pode galgar quem brilha, sem ofuscar, pois foi Presidente da Seccional Mineira, por dois mandatos, Secretário Geral do Conselho Federal, vice-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, nela, presidente da Comissão de Relações Internacionais, outrossim, representando a OAB de Minas Gerais, Conselheiro Federal da OAB por quatro mandatos.
Destacou-se no magistério como Professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Respeitadíssimo – estrela luminosa –, teve a oportunidade de receber o título de cidadão honorário de BH, Uberada, Salinas e Pitangui. Depois, foi homenageado com uma obra que enaltece seus cinquenta anos de profissão (“Advocacia nos Tribunais”, organizado pelas advogadas Maria Fernanda Pires de Carvalho e Raquel Dias da Silveira).
Após a sua pranteada passagem, em 3 de julho de 2020, foi eternizado com um busto no bairro de minha eleição em BH – das Mangabeiras –, de autoria de Gyldon de Araújo, na praça Dimas Perin.
“Não se escolhe a quem querer o bem… é o coração que indica” -(Provérbio italiano)
Da cidade de Campinas, na Academia Campinense de Letras, em 08 de maio de 2017, reverenciou o poeta-juiz ou juiz-poeta, Alphonsus de Guimaraens, que lhe deu horizonte, no sentido de quem acompanha o limite circular da vista, por um observador que está no centro: O sol desce no horizonte… e a linha do horizonte…
Estreitando Campinas, da qual a herança de descendência, a Alphonsus na alma mater, Faculdade de Direito de São Paulo, mas que se graduou em Ouro Preto, em 1894.
Enrique de Rezende, biógrafo do poeta, viu traços de sua obra comuns entre Baudelaire, Balzac, Alan Poe, além de Mallarmé.
Com os matizes de poeta, Alphonsus se curvou à poética de Cruz e Souza, seu amigo pessoal. Ressaltado por Aristóteles a quem o afeto transportava para a família e os descendentes. Pois então, isolado, por seu mundo de viver, o “Solitário de Mariana”, passou, nessa cidade, a dedicar-se basicamente às atividades de juiz e à elaboração de sua obra poética, iniciada com dois volumes de versos, em 1899, Septenário das Dores de Nossa Senhora e Dona Mystica.
Sempre ele: “em 24 de outubro de 1953, por iniciativa de Juscelino Kubitschek, então governador de Minas Gerais, os restos mortais foram transferidos para o cemitério municipal de Mariana, conexo ao cemitério de Sant’Ana”. E no jazigo figura o verso: “A minh’alma é uma luz enteada no céu”.
E ouso concordar com ele: o religioso católico, o incansável perseguidor da carreira, o marido devotado e o pai de 15 filhos, tinha todos os méritos para ser cultuado.
*Advogado e escritor