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O aumento da Selic não vai impactar o mercado imobiliário, mas a falta de digitalização sim

Glauco Farnezi
Mercado Comum Publicação Nacional de Economia, Finanças e Negócios

O aumento da Selic não vai impactar o mercado imobiliário, mas a falta de digitalização sim

Glauco Farnezi

Mesmo com o anúncio do terceiro aumento consecutivo da taxa básica de juros (Selic), passando de 3,5% para 4,25% ao ano, o mercado imobiliário deve continuar não tendo impacto. Isso significa que o setor continuará seguindo em pleno crescimento sem afetar o sonho da casa própria. A previsão é que os bancos não repassem os juros ao consumidor, mesmo havendo novos aumentos na taxa, pois o patamar ainda segue muito menor que os padrões praticados no Brasil.

Longe de perder clientes para a aplicação financeira neste momento, líderes de incorporadoras e construtoras relatam que essa elevação não tem impulso suficiente para desestimular a compra de imóveis pelos clientes finais e, portanto, não tem influência significativa para o segmento imobiliário.

Porém, uma coisa é certa, o volume de lançamentos é grande e antes que isso respigue na taxa de juros, o ideal é aproveitar esse momento para comprar e, pelo lado das empresas, é hora de vender. Dados divulgados neste início do mês de junho pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) confirmam que o setor segue com todo o vapor.

Os lançamentos de imóveis no primeiro trimestre deste ano registraram alta de 39% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas também subiram 21% no período. Os interessados na compra de imóveis dificilmente terão problemas para obtenção de financiamento e isso significa que o volume de pedidos deve seguir num ritmo forte. A Abrainc também revela que, nestes três primeiros meses do ano, as contratações de crédito avançaram em 112%.

Para transformar este momento em oportunidade e aproveitá-lo, é preciso ter modelos de negócios que estejam organizados e permitam vendas rápidas e à distância. De uma visita virtual, passando para o cálculo da venda, que inclui o valor das parcelas, à assinatura do contrato de forma digital, esse novo modelo tem apoiado o setor em dois sentidos.

Um deles é vender imóveis durante as restrições sociais por meio de lançamentos digitais, que disponibilizam os recursos de cadastramentos, coleta de documentos, reservas e até pagamentos disponíveis para os corretores e clientes num formato 100% digital. O outro é aumentar o alcance desses clientes, que estão cada vez mais digitais, e apenas entram com o pé direito no imóvel somente depois de assinar o contrato de forma virtual.

Como resultado, vemos que a oferta, a procura e a nova forma de consumir criou uma nova modalidade de venda de imóveis, responsável por atingir um número maior de pessoas vindas de qualquer localidade. E unir essa comodidade e facilidade num momento em que o brasileiro ampliou seu apetite na busca de uma novo imóvel, é avançar para tirar proveito do bom momento de mercado.

Cabe às construtoras e incorporadoras usarem a tecnologia, que veio para ficar, em seu benefício, possibilitando vendas facilitadas num novo momento em que até assinar e registrar um imóvel é possível fazer eletronicamente.

*CEO da Facilita, desenvolvedora do appFacilita, primeiro aplicativo para gestão digital de venda de imóveis.

(Os artigos e comentários não representam, necessariamente, a opinião desta publicação; a responsabilidade é do autor do texto).

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