Destaques da Edição

Decolam os empréstimos vinculados a ESG, aponta levantamento da Bain

Decolam os empre?stimos vinculados a ESG, aponta levantamento da Bain
Mercado Comum: Jornal on-line BH – Cultura – Economia – Política e Variedades

Decolam os empréstimos vinculados a ESG, aponta levantamento da Bain

Análise da consultoria aponta sete principais benefícios da adoção de boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa pelo setor financeiro

O financiamento de projetos vinculados à questões ambientais, sociais e de governança (ESG) está crescendo rapidamente. O movimento acontece com mais força na Europa, mas outras regiões acompanham. 

Muitos bancos que buscam empréstimos e títulos vinculados à ESG descobriram que não precisam abrir mão dos retornos financeiros. De acordo com a análise da Bain & Company, custos mais elevados de diligência e relatórios são compensados por criação de valor em diversos níveis.

Os principais benefi?cios sa?o

1 – Receita

Novas oportunidades de negócios: junto com novos produtos, os bancos podem se beneficiar de novas oportunidades inovadoras, assessoria, por exemplo, e melhores pontuações de NPS. Um perfil ESG distinto fortalece as relações com os clientes e pode levar a mais promotores, que são 1,7 – 2,2x mais lucrativos;

2 – Custo de financiamento

Melhor acesso ao mercado de capitais: melhoria por meio de títulos tradicionais e sustentáveis, incluindo redução potencial de 20-50 bps (pontos-base) no custo de financiamento, resultante de classificação ESG de nível mais alto;

3 – Custo do risco

Custo de risco mais baixo: bancos com melhor perfil de sustentabilidade têm um custo de risco 25% menor que o de mercado. A variação pode ser maior para bancos que não gerenciam cuidadosamente os riscos associados às mudanças climáticas;

4 – Opex

Base de custos redimensionada: a transformação ESG pode representar uma oportunidade para repensar completamente os modelos de consumo interno e trazer eficiências de entre 5% e 10% nos custos operacionais;

5 – Custo de capital

Melhor desempenho do preço das ações e acesso aos mercados de capitais: ~ 50% dos gestores de ativos já incorporam fatores ESG nas decisões de investimento, uma participação em rápido crescimento;

6 – Valor interno

Valor ESG interno aprimorado: por exemplo (E) melhor qualidade do espaço de trabalho devido à gestão da qualidade do ar; (S) melhor capacidade de atrair os melhores talentos  – especialmente as novas gerações – e melhorar a retenção; (G) melhor tomada de decisão devido ao aumento da transparência das informações e maior diversidade na governança corporativa;

7 – Valor externo

Valor ESG externo aprimorado: por exemplo (E) menor pegada ambiental devido ao menor uso de materiais e emissões de CO2; (S) melhor subsistência para as famílias resultante de salários justos; e (G) contribuição financeira para a sociedade de impostos justos;

Os principais benefi?cios sa?o 2

As agências de classificação de crédito consideram cada vez mais as questões de sustentabilidade em suas avaliações e um número crescente de instituições financeiras está integrando o impacto social e ambiental nas decisões de risco-retorno. Cerca de 190 bancos e mais de 3.000 gestores de ativos adotaram os princípios bancários e de investimento sustentáveis das Nações Unidas.

O momento é propício, já que o financiamento com foco nas questões ESG e não apenas nos retornos financeiros está se tornando mais frequente. O HSBC, atualmente o segundo maior financiador de combustíveis fósseis da Europa, recentemente ampliou sua posição ESG ao se comprometer a reduzir as emissões financiadas de seu portfólio para zero líquido até 2050 ou antes. O objetivo do banco é fornecer entre US$ 750 bilhões e US$ 1 trilhão em finanças sustentáveis até 2030.

Os empréstimos vinculados a ESG são o segmento de crescimento mais rápido do mercado de crédito corporativo. Dos € 102 bilhões emitidos na Europa durante 2019, € 35 bilhões consistiram em empréstimos verdes e € 67 bilhões em outros empréstimos vinculados à sustentabilidade. Os empréstimos ESG geralmente incluem incentivos para que o mutuário alcance metas de desempenho de sustentabilidade ambiciosas e predeterminadas. 

O tamanho e o crescimento dos títulos sustentáveis globalmente têm sido ainda maiores, com empresas se beneficiando de taxas mais baixas para captação. O mercado evoluiu à medida que bancos como o BBVA na Espanha emitiram títulos relacionados à Covid-19. Recentemente, a primeira oferta de títulos sociais da União Europeia atraiu pedidos de mais de € 233 bilhões, provavelmente o maior valor já feito para qualquer negócio de dívida. A oferta visa fornecer financiamento para um programa de apoio a empregos durante a pandemia.

Claramente, os investidores e bancos estão obtendo benefícios dos instrumentos de financiamento ESG. O primeiro benefício é um menor custo de risco, vem de menores provisões para perdas com empréstimos do que com os empréstimos tradicionais. Os gerentes de empresas comprometidas com as práticas ESG lutam mais para evitar a inadimplência. E os riscos ambientais e operacionais geralmente são menores do que em empresas expostas a negócios tradicionais – por exemplo, o risco de políticas de transição de energia e outras novas regulamentações que podem prejudicar empresas despreparadas.

Além de um menor custo de risco, há evidências de que a sustentabilidade tem uma influência positiva no retorno financeiro e na lucratividade. No mínimo, os investimentos associados a ESG não estão perdendo nenhum grau de lucratividade ou retorno para os acionistas por seus esforços. 

Outro benefício poderoso vem na forma de maior fidelidade do cliente. Nas comparações do Net Promoter Score que realizamos, os bancos com um forte perfil de sustentabilidade superam seus pares. A forte lealdade, por sua vez, está relacionada a um maior valor da vida útil do cliente e a um menor custo de atendimento.

EFTs no Brasil 

Nos últimos 20 anos, empresas que já tinham boas classificações ligadas à ESG mantiveram melhor desempenho.

Os principais benefi?cios sa?o 3

Atualmente 4 ETFs (Fundos de títulos) relacionados a ESG são negociados na B3. São eles: ESGB 11 (BTG), ECOO11 (Blackrock), GOVE11 (Itaú), ISUS11 (Itaú). Os ativos sob gestão para estes ETFs aumentaram 140% em 2020. ETFs ESG internacionais estão crescendo cada vez mais, com ações brasileiras podendo representar até 5% da carteira total. Olhando para alguns dos principais ETFs ESG, ESGE (Blackrock), LDEM (Blackrock), NUEM (Nuveen) e EMSG (DWS), são mais de USD 400M investidos em empresas brasileiras.

Mercado Comum: Jornal on-line BH – Cultura – Economia – Política e Variedades
Anúncio

Recent Posts

Dívidas de R$ 1,1 bilhão forçam a tradicional Coteminas a apresentar pedido de recuperação judicial

A empresa teve prejuízo de R$ 759 milhões no ano passado Dificuldades financeiras, peso dos…

1 semana ago

Ritmo de corte da taxa Selic desacelera e Copom não dá sinalização para outros futuros cortes

Juros reais continuam elevadíssimos e o Brasil é o 2º lugar no ranking mundial  Setor…

1 semana ago

Agronegócio brasileiro atravessará a instabilidade e 2024 deve ser um ano de transformação

Flávio Belluomini Cotrin* A população ocupada no agronegócio brasileiro atingiu um novo recorde no terceiro…

1 semana ago

A importância das cooperativas de reciclagem para a economia circular e o crescimento socioeconômico

O desafio da triagem dos materiais ganha apoio da tecnologia com o dispositivo de infravermelho…

1 semana ago

SAF do Cruzeiro: venda pode incentivar até clubes brasileiros a entrar na lista de bolsa de valores no futuro, diz especialista

Modelo de transferência das ações do clube praticado pelo grupo do ex-atacante Ronaldo é esperado…

1 semana ago

Governo lança campanha “Fé no Brasil” e destaca avanços na economia

Iniciativa ressalta resultados alcançados em pouco mais de um ano da atual gestão federal, a…

1 semana ago