Copom reduz horizonte da sinalização prospectiva; FED mantém taxa de juros inalterada e Japão começa aperto monetário

Em decisão anunciada no dia 20 de março, o Copom reduziu a sua taxa básica de juros, a Selic, em 50 pontos-base, de 11,25% para 10,75% ao ano, conforme era esperado pelos participantes de mercado. 

O comunicado da decisão mudou pouco em relação à versão anterior – com apenas duas mudanças na sessão de avaliação conjuntural. No trecho relativo ao cenário externo, ressalta o debate em torno da “velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”. No que tange o quadro inflacionário, ressaltou que “as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, em detrimento da avaliação de que estariam próximas à meta que constava da comunicação anterior. 

Na sessão de balanço de riscos, ressaltou que “as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária”. 

De acordo com a LCA – Consultores Econômicos, “como esperávamos e argumentamos em nosso Cenário LCA de 12 março e de 19 de março, este aumento das incertezas levou o Copom a encurtar o horizonte da sua sinalização prospectiva, apesar do Comitê avaliar ‘que o cenário-base não se alterou substancialmente’. O Comitê esclarece que, ‘em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião’. Com isso, o Copom ganha maiores graus de liberdade no ajuste dos próximos passos sem se comprometer com o mesmo ritmo nas duas reuniões seguintes, o que é especialmente relevante à medida em que se avança no processo de flexibilização monetária; ele reforça “que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”    

Isso sugere que as chances de que o Copom venha a desacelerar o ritmo de corte da Selic a partir de meados do ano, como projetamos em nosso cenário base, foram reforçadas.

Comunicado do Copom sobre a redução da taxa Selic para 10,75% a.a.:

“O ambiente externo segue volátil, marcado pelos debates sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e a velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.

As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,4% em 2024 e 3,9% em 2025.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.  O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária.

Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas.

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

O Comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente. Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

O Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

* No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,95, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente. Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. O valor para o câmbio foi obtido pelo procedimento, que passou a ser adotado na 258ª reunião, de arredondar a cotação média da taxa de câmbio USD/BRL observada nos dez dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.”

MercadoComum, ora em seu 30º ano de circulação e em sua 324ª edição é enviado, mensalmente, a um público constituído por 118 mil pessoas formadoras de opinião em todo o país, diretamente via email e Linkedin, Whatsapp/Telegram, além de disponibilizar, para acesso, o seu site www.mercadocomum.com, juntamente com as suas edições anteriores.

De acordo com estatísticas do Google Analytics Search a publicação MercadoComum obteve – no período de outubro de 2022 a agosto de 2023 – 9,56 milhões de visualizações – das quais, 1.016.327 ocorreram de 14 de agosto a 10 de setembro/2023.

FED mantém taxa de juros 

Em reunião também ocorrida no dia 20 de março, o Comitê Federal de Mercado Aberto ((FOMC) decidiu manter a sua taxa básica de juros no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano, conforme esperado pelos participantes de mercado.

No comunicado da decisão, não houve alterações relevantes – apenas a exclusão do trecho que indicava moderação do crescimento do emprego – agora, ele “permanece robusto”.

O sumário de projeções dos membros do FOMC, no entanto, trouxe várias alterações. A maior mudança ocorreu na projeção de crescimento do PIB (para cima), mas também na projeção de inflação (para cima) e na da taxa de desemprego (para baixo).

A taxa de juros esperada foi mantida na mediana das projeções – e compatível com três cortes de juros até o final do ano, conforme atualmente precificado nas curvas de juros – mas a distribuição revela mudanças. Em dezembro, cinco membros do FOMC acreditavam que a taxa poderia ficar abaixo da mediana; um dos membros esperava que pudessem ocorrer seis cortes. Na leitura de março, apenas um membro projeta uma taxa abaixo da mediana e por uma pequena distância, de um corte. Isto significa que a maioria dos membros considera mais provável a adoção de uma postura mais cautelosa, com cortes intercalados entre reuniões; mas, dois membros ainda esperam manutenção dos juros ao longo de todo o ano, como em dezembro. Chama a atenção, ainda, a pequena elevação da mediana das projeções da FFR de longo prazo, bem como a elevação da mediana das projeções de FFR para 2025 e 2026.

Na entrevista coletiva após a divulgação do comunicado, o presidente do FED, Jerome Powell, sinalizou que, em breve, o FED deverá reduzir seu ritmo de enxugamento da liquidez, de maneira a evitar turbulências nos mercados. Há um entendimento de que prosseguir com mais cautela poderá significar ir mais longe até se atingir o amplo nível de reservas que se deseja. No longo prazo, o ideal é que o FED mantenha apenas títulos do governo mais longos em seu balanço, mas esta transição deverá ser feita de forma gradual e cautelosa.

De todo modo, permanece a avaliação de que o balanço de riscos vem evoluindo em direção a um maior equilíbrio, o que sugere que o ciclo de flexibilização monetária não tardará a ser iniciado. Para tanto, o FED precisa acumular maior confiança de que o processo de desinflação está se consolidando – o que poderá ocorrer nos próximos meses se os índices de preços continuarem a apresentar taxas de variação compatíveis com as metas, como apontado pelo presidente do FED, Jerome Powell, em sua coletiva de imprensa. Assim, mantemos avaliação de que o ciclo de cortes de juros poderá ser iniciado em meados do ano (em junho ou, no mais tardar, em julho).

Banco do Japão começa a apertar a política monetária 

Os diretores do BOJ decidiram elevar a taxa de juros de curto prazo para a faixa entre 0 e 0,1% ao ano, ante -0,1%. Além disso, se encerrou a política de controle da curva de juros, que previa um teto de 1,0% para o rendimento dos Bônus Soberanos do Japão (JGB) com prazo de 10 anos. Finalmente, se encerraram as compras de ETF pelo Banco do Japão. 

Por outro lado, se manteve a diretriz de condições financeiras acomodatícias para garantir que a inflação se sustente no patamar de 2,0%. Assim, não foram sinalizadas novas altas de juros de curto prazo. Além disso, o Banco do Japão continuará com suas compras de JGB, quando forem necessárias. Em 2022 e 2023, o núcleo do IPC subiu 4,0% e 2,3%, respectivamente. Em janeiro, sua alta tinha sido de 2,0% ao ano. 

A bolsa de Tóquio fechou em alta, enquanto o Yen se depreciava frente ao dólar e atingiu a marca de 150 yens por dólar. No mercado de bônus, os JGB de 10 anos registraram leve queda, de 0,77% ao ano para 0,74%

Tráfego orgânico MercadoComum bY SEO MUNIZ

O XXV Prêmio Minas – Desempenho Empresarial – Melhores e Maiores Empresas – MercadoComum – 2023 conta com o apoio da ACMINAS – Associação Comercial e Empresarial de Minas; ASSEMG – Associação dos Economistas de Minas Gerais; Fórum JK de Desenvolvimento Econômico; IBEF – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Minas Gerais e MinasPart- Desenvolvimento Empresarial e Econômico Ltda.

O prazo para reserva de espaço para as publicidades na edição especial de MC será até o dia 31 de outubro e, a entrega de materiais, até o dia 16 de novembro.

As empresas agraciadas que participarem desta premiação, através da veiculação de uma página de publicidade na edição especial impressa e eletrônica, bem como no site desta publicação, além de um descritivo institucional sobre as mesmas receberão, também, um diploma impresso em papel especial, um troféu em aço inox e terão direito, adicionalmente, a uma mesa exclusiva de 8 lugares para a solenidade de premiação e jantar de confraternização. Também participarão de um almoço especial que ocorrerá em dezembro, em Lagoa Santa-MG, em homenagem aos agraciados.

Rota

Sua localização:

Mercado Comum: Jornal on-line - BH - Cultura - Economia - Política e Variedades

Rua Padre Odorico, 128 – Sobreloja São Pedro
Belo Horizonte, Minas Gerais 30330-040
Brasil
Telefone: (0xx31) 3281-6474
Fax: (0xx31) 3223-1559
Email: revistamc@uol.com.br
URL: https://www.mercadocomum.com/
DomingoAberto 24 horas
SegundaAberto 24 horas
TerçaAberto 24 horas
QuartaAberto 24 horas
QuintaAberto 24 horas
SextaAberto 24 horas
SábadoAberto 24 horas
Anúncio