A LCA-Consultores Econômicos, a maior e considerada uma das mais conceituadas instituições de consultores macroeconômica do país avaliou, para MercadoComum, com exclusividade, a decisão da reunião de política monetária realizada nesta quarta-feira, dia 31, quando o Banco Central decidiu reduzir a sua taxa básica de juros (a Selic), em meio ponto percentual, de 6,5% para 6% ao ano.

Segunda a LCA “a decisão, novamente unânime, contrariou nossa expectativa de que o Copom seria mais cauteloso no início do ciclo de flexibilização monetária; mas tende a reforçar nossa projeção de que o “orçamento” total de redução da Selic será maior do que a mediana de mercado vem contemplando.

O Copom promoveu mudanças importantes no comunicado da decisão, a começar pela avaliação de que o “cenário externo mostra-se benigno”, em contraste com a visão anterior de que o cenário externo vinha se mostrando “menos adverso”. A flexibilização monetária nas principais economias é o principal elemento a tornar o cenário externo benigno.

Em relação ao cenário doméstico, o Copom enxergou certa melhora na evolução da atividade – ao indicar que os indicadores recentes “sugerem possibilidade de retomada do processo de recuperação da economia brasileira”, em contraste com a avaliação anterior de que a recuperação havia sido interrompida.

Isso, num contexto em que “o processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado” (em referência à aprovação da reforma previdenciária em 1º turno da Câmara dos Deputados). O Copom continua a enxergar riscos associados ao processo de reformas, mas avalia que o balanço de riscos continuou a evoluir de maneira favorável.

Já em relação à inflação, o Copom passou a avaliar que as “diversas medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis ” (grifo nosso), e não mais “apropriados”. Essa mudança reflete a percepção de que as medidas de tendência inflacionária voltaram a correr abaixo do centro das metas.

As expectativas inflacionárias, de mercado e do próprio Banco Central, também estão correndo abaixo do centro das metas. As projeções oficiais, por exemplo, apontam inflação de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020 – contra metas de, respectivamente, 4,25% e 4% -, no cenário que considera as projeções de mercado para câmbio e juros.

As projeções de mercado, vale frisar, pressupõem câmbio mais ou menos estável no nível atual (cerca de R$ 3,75 a R$ 3,80 por dólar) e Selic fechando 2019 e 2020 em 5,5%. Ou seja, as simulações do Banco Central indicam haver espaço para reduzir o juro básico em pelo menos mais meio ponto percentual sem risco de descumprimento das metas de inflação.

O próprio Copom reconhece isso no comunicado, ao avaliar que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo ” (grifo nosso). Mas enfatiza que essa “avaliação não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.

Nosso cenário base pressupõe que a Selic será reduzida a 5,25% ao ano até o final de 2019 e mantida nesse patamar ao longo de todo o ano de 2020. A decisão do Copom deverá provocar ajustes adicionais na mediana das projeções das instituições de mercado em direção a essa nossa projeção. A probabilidade de que o ajuste total da Selic seja maior do que ora projetamos parece vir crescendo; e claramente supera a probabilidade de um ajuste mais tímido”, acrescentou.

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