Brasil: déficit em conta corrente aumenta para US$ 18,7 bilhões e Investimentos Diretos no País alcançam US$ 36,5 bilhões no 1º semestre de 2024

Transações Correntes 

Conforme o gráfico abaixo (Figura 1), quando se compara o déficit em transações correntes com o primeiro semestre de 2023, se registrou um aumento de US$ 9,0 para US$ 18,7 bilhões. Parte expressiva desse aumento decorreu dos maiores gastos com serviços, principalmente serviços de propriedade intelectual (que correspondem aos pagamentos pelos direitos de exibir conteúdo artístico e de distribuição de software), transportes e telecomunicação. O superávit comercial foi de US$ 38,0 bilhões, inferior ao ano passado. O déficit nas rendas primárias teve um pequeno aumento, chegando a US$ 33,7 bilhões este ano.                  

Em 12 meses, o déficit em conta corrente deu continuidade a sua trajetória altista, conforme o gráfico abaixo (Figura 2), ao registrar US$ 31,5 bilhões, o que corresponde a -1,41% do PIB. 

Ainda nesta métrica, as despesas líquidas com serviços seguiram em tendência altista (Figura 3), com exceção de viagens. Os gastos com viagens continuaram abaixo do observado antes da pandemia. As despesas líquidas com aluguel de equipamentos, por sua vez, deram continuidade a sua trajetória altista desde junho de 2023. Também no acumulado em 12 meses, as despesas líquidas com juros tiveram pequena redução, enquanto as remessas líquidas de lucros e dividendos continuam em aceleração (Figura 4).

Cabe lembrar que houve um ajuste de metodologia dos criptoativos, que deixaram de ser contabilizados na balança comercial e aparecem agora na conta capital. Assim, a projeção para o saldo em conta corrente neste ano é de déficit entre US$ 30 e 35 bilhões.

Conta Financeira 

O saldo líquido de investimentos diretos no país (IDP) foi de US$ 6,3 bilhões em junho, acima do observado em maio (US$ 3,0 bilhões) e do consenso de mercado (US$ 3,3 bilhões). Conforme a figura 5, no ano, o IDP soma US$ 36,5 bilhões, bem acima do observado no mesmo período de 2023 (US$ 30,4 bilhões). Boa parte desse crescimento se concentrou nos maiores ingressos líquidos de empréstimos intercompanhia (alta de US$ 4,2 bilhões) e lucros reinvestidos (variação de +US$ 3,5 bilhões). Provavelmente, a expansão das condições financeiras no exterior neste ano, num contexto de menor aversão ao risco, foi relevante para os aumentos dos volumes de empréstimos intercompanhia e de lucros reinvestidos. Projeta-se um fluxo de IDP entre US$ 70 e 75 bilhões neste ano.

Nos últimos 12 meses, o IDP foi de US$ 70,3 bilhões ou 3,15% do PIB, ante 3,3% em junho de 2023. Como mostra o gráfico abaixo (Figura 6), o déficit em conta corrente tem aumentado, mas o IDP ainda o supera com folga, na métrica de 12 meses.

Os investimentos externos em carteira registraram um saldo de +US$ 3,3 bilhões no mês e US$ 4,7 bilhões no ano. Novamente, os destaques foram os títulos emitidos no exterior, que responderam por pouco mais de 60% dos ingressos líquidos dos investimentos em renda fixa tanto no mês (US$ 4,6 bilhões), como no primeiro semestre (US$ 13,4 bilhões). As condições mais folgadas de liquidez no exterior e a as elevadas taxas de juros domésticas são alguns fatores que explicam esse forte fluxo de recursos via a emissão de títulos. Assim, a taxa de rolagem dos compromissos externos subiu para 179% em junho, ante 131% em maio. No ano, esta taxa é de 141% no ano, com destaque para as emissões líquidas de títulos. A figura 7 abaixo apresenta o forte crescimento da taxa de rolagem em 12 meses.                        

Já os investimentos em ações continuaram negativos, US$ 1,4 bilhão em junho, e registraram o sexto mês consecutivo de saídas líquidas. Neste ano, o saldo líquido desses investimentos atingiu -US$ 8,66 bilhões ante -US$ 1,8 bilhão no mesmo período de 2023. A figura 8 abaixo ilustra a tendência de baixa desses investimentos iniciada desde o fim de 2021.

Os investimentos de brasileiros no exterior (direto + carteira + outros investimentos) cresceram US$ 10,2 bilhões no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023 e somaram US$ 29,1 bilhões. Os destaques foram os maiores investimentos em títulos, enquanto as aplicações em ficaram levemente negativas. Como mostra a figura 9, em doze meses, estes investimentos estão de lado.

A partir de junho, o Banco Central passou a contabilizar os investimentos em criptomoedas na conta capital e não mais na conta corrente. Neste ano, os brasileiros adquiriram liquidamente US$ 8,6 bilhões, ante US$ 4,7 bilhões no mesmo período de 2023. A forte valorização dessas moedas nos últimos anos tem sido um fator relevante para a atração de recursos de investidores brasileiros, como mostra a Figura 10.

Apesar da trajetória de alta do déficit em conta corrente, o cenário ainda é de um quadro robusto para as contas externas. Os investimentos diretos no país devem cobrir com folga este déficit. Além disso, os investimentos externos em renda fixa continuam robustos, por conta do aumento da atratividade, ajustada pelo risco. (Fonte: LCA Consultores)

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