O presidente da Fiemg, Olavo Machado Junior, recebeu sem surpresa a decisão do Copom de
manter a taxa Selic em 7,25%. Ele considere que há espaço para nova redução e que esta leve
a uma queda correspondente do spread praticado pelo mercado.
Para Olavo Machado Junior, a manutenção da taxa Selic em 7,25% era esperada, uma vez que
a taxa de juros real no Brasil alcançou um patamar próximo dos níveis internacionais e a política
monetária continua sendo a principal variável econômica para o governo conter as pressões
inflacionárias que se apresentam no momento.
O presidente da Fiemg acredita, entretanto, que ainda há espaço para alguma redução e espera
que o governo não deixe de fazer uso dessa política para estimular a economia, que continua
apresentando enormes dificuldades de crescimento.
“Devemos lembrar que uma taxa de juros mantida em patamares reduzidos e estabilizados
por um período prolongado, ao propiciar uma baixa remuneração real aos agentes financeiros,
estimula a decisão de realocação de recursos até então aplicados em ativos financeiros para
ativos reais. Portanto, eleva-se a oferta de recursos investidos na economia real, em geral, com
maior potencial na geração de emprego e renda”, explica Olavo Machado Junior.
De acordo com ele, o outro lado positivo da manutenção de uma baixa taxa de juros básica é
contribuir para reduzir os custos de capital de giro e investimentos das empresas, desde que
tenha reflexo nas taxas de juros finais cobradas das empresas.
Sob este ponto de vista, embora a taxa de juros básica da economia tenha reduzido fortemente
no último ano, ainda não foi detectada uma queda correspondente do spread praticado pelo
mercado e, portanto, das taxas finais ofertadas às empresas e famílias. “Este tem sido um
grande obstáculo para o empresário brasileiro. Não adianta lutarmos para que a taxa básica de
juros reduza se o juro final cobrado do empresário e do consumidor também não se tornar mais
atraente”, explica o presidente.
Atualmente, por exemplo, enquanto a taxa SELIC encontra-se estabilizada em 0,58% ao mês
(7,25% ao ano), o desconto de duplicatas, uma modalidade de crédito de grande uso pelas
empresas, alcança taxa média de 2,40% ao mês (ou 33% ao ano), segundo o BACEN. Ou
seja, a diferença entre o custo de captação do dinheiro pelo banco e a receita bruta obtida na
operação de crédito supera 300% de margem.
“Precisamos, por isso, aprofundar as discussões em torno dos spreads bancários praticados
no Brasil. Isso implica não somente a discussão em relação às margens dos bancos, fato que
o governo vem conduzindo de forma adequada pela via do estímulo à concorrência no setor,
mas a própria questão da carga tributária incidente sobre o crédito bancário”, diz.
Para o presidente da Fiemg, há quase duas décadas vivemos em uma economia com
inflação estabilizada e pilares macroeconômicos estáveis. “A relação dívida/PIB tem reduzido
sistematicamente, a inadimplência não preocupa e o próprio risco-país é hoje um dos mais
baixos da história. Por esses e outros fatores, não vemos o porquê de ainda ser praticado no
Brasil um dos maiores spreads do mundo”, contesta o líder empresarial.
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