José Eloy dos Santos Cardoso
Economista, ex-assessor e ger ente de planejamento da CDI-MG, pr ofessor catedrático de macr oeconomia da PUC-Minas e jornalista
Nenhum país do mundo, estado, região ou município que não
mobilizar sua sociedade em direção ao desenvolvimento não
terão condições de melhorar seus níveis de pobreza. O caminho
certo e mais curto é mobilizar todos seus potenciais,
quando há uma conjuntura desfavorável para poder sair do
estado em que se encontra. Se não houver essa mobilização
total, nada irá acontecer. O conformismo e o imobilismo são
inimigos mortais do desenvolvimento. O conformismo porque
uma população que está satisfeita com seu grau de desenvolvimento
nunca sairá desta estaca zero. O imobilismo porque,
mesmo sentindo a necessidade de atingir um patamar mais
elevado na escala do desenvolvimento e tendo alternativas
para sair deste estado atual, sua população nada faz para que
o processo de mudança seja, pelo menos, tentado ou iniciado.
Não basta ter infraestrutura econômica favorável e adequada,
não basta ter capacidade física de produção. O que determina
o desenvolvimento é o grau de mobilização local. Às
margens de um lago ou represa, por exemplo, os municípios
que estão no seu entorno que possuem uma boa estrada asfaltada,
energia elétrica, rede de telefones e outras infraestruturas
disponíveis poderão melhorar a atual situação em que
se encontram se uma mobilização para sair de um estágio
de estagnação for começado dentro de parâmetros técnicos
possíveis. Basta que essas comunidades se movimentem na
direção ao desenvolvimento, saindo de um PIB x para saltar
para o PIB y. Se a população não se movimentar, nem o possível
desenvolvimento turístico poderá acontecer. Municípios
que são economicamente pobres podem, perfeitamente, alcançar
um razoável nível de desenvolvimento, se sua população
for motivada para que isso ocorra. Se a população ficar
esperando as coisas acontecerem, esta região ficará eternamente
como está no presente. O grau de mobilização local é
o remédio que irá salvar a situação.
Uma região pode passar longo período de tempo deprimida
economicamente sem que nada de bom aconteça. Se
conversarmos com economistas competentes e experientes
sobre uma situação como essa, eles poderão nos informar,
por exemplo, que este estado ou município está perdendo
posição relativa no Produto Interno Bruto (PIB) estadual ou
federal e no dinamismo econômico. Conselhos úteis para poder
sair desse problema são raros ou perfeitamente factíveis.
Mas é possível que qualquer município subdesenvolvido que
está em um processo de decadência acorde, se reorganize e
comece um processo de recuperação.
Como exemplo, podemos citar o caso do Japão que, saído
da guerra totalmente arrasado, chegou a ocupar um dos
principais lugares do mundo em matéria de desenvolvimento
depois de 20 ou 30 anos. Tudo aconteceu por causa do altíssimo
grau de mobilização de sua população que chegou à
conclusão de que, com a união de todos, podia-se resolver
toda a situação. E logo o Japão que não possui grandes áreas
aproveitáveis para a localização de indústrias. O país chegou
a se desenvolver e crescer, simplesmente, criando grandes
áreas para a localização industrial, aterrando terrenos localizados
à beira do oceano. Além disso, o Japão, apesar de ter escassez
de áreas aproveitáveis para o desenvolvimento
industrial, passou a criar um significativo número de distritos
industriais no interior que teriam o objetivo de desconcentrar
a produção da área da capital Tokyo para regiões localizadas
no cinturão da orla marítima do Oceano Pacífico e criaram-se
por lá leis para estimular o desenvolvimento de áreas industriais
em outros municípios do interior e, complementarmente,
construir novas e modernas estradas e ferrovias, além do
estabelecimento de um plano de desenvolvimento integrado.
Em Minas Gerais, a partir dos anos 60, com a criação do Banco
de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), da Companhia
de Distritos Industriais de Minas Gerais (CDI-MG), hoje, a
Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
(CODEMIG), da Fundação João Pinheiro (FJP) e do Instituto
de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (INDI), a situação
da economia mineira começou a mudar radicalmente.
Já tínhamos funcionando com absoluto sucesso as Centrais
Elétricas de Minas Gerais (CEMIG), hoje, a Companhia Energética
de Minas Gerais, mas essa empresa precisava criar
empresas e organismos que pudessem consumir a energia
que já estava à disposição no Estado e criassem renda e
novos empregos. O famoso tripé do desenvolvimento mineiro
formado pelo BDMG, CDI e INDI começou a funcionar como
se fosse um só organismo que fez o Estado de Minas dar
grande salto em direção ao desenvolvimento. Nosso Estado
começou a crescer a partir dos anos 70 a taxas superiores de
outros estados e até da União.
Além do conhecido trabalho do BDMG, Minas Gerais criou
através da CDI-MG um amplo programa de desenvolvimento
do interior do estado através dos distritos industriais (DIS) de
Extrema, Pouso Alegre, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Eloi
Mendes, Três Pontas. Estes, no Sul de Minas, que foram criados
com absoluto sucesso para aproveitamento do potencial
de localização em relação a São Paulo. No triângulo mineiro,
a CDI-MG criou os distritos industriais de Uberlândia, Uberaba
I, II e III e também o de Araguari. Na região do Polígono
das Secas, foram criados os distritos industriais de Montes
Claros e Pirapora para aproveitar os incentivos da Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Na
Zona da Mata Mineira, os distritos de Juiz de Fora I, II, III
e IV e o mais recente deles que é o DI de Rio Pomba. Foi
também criado o DI de Governador Valadares no chamado
Vale do Aço e criados outros em municípios menores, mas,
todos eles, com objetivos de não faltar a Minas Gerais locais
apropriados para a localização industrial. O que é uma pena
é nosso Estado ter abandonado até o momento a política de
implantação industrial dos anos 60,70 e 80 que foi sucesso
aqui e também em outros estados brasileiros. A experiência
da CDIMG foi copiada por outros estados como Rio de
Janeiro, São Paulo, Goiás, Pernambuco e outros, sempre
incentivados e orientados pela Associação Nacional de Entidades
de Desenvolvimento Industrial (ANEDI). A política de
atração de indústrias ou empresas de comércio e serviços
através dos incentivos à localização pela implantação de áreas
industriais disponíveis e com completa infraestrutura ainda
é sucesso no mundo inteiro e em Minas Gerais não poderia
ser diferente. Atualmente, são necessárias atuações da
Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
(CODEMIG) no entorno do já funcionando Aeroporto Internacional
Itamar Franco, localizado entre os municípios de Goianá
e Rio Novo. Estão faltando apenas alguns pequenos detalhes
exigidos pela Infraero e pela Anac para o funcionamento
completo desse sítio aeroportuário, inclusive, importando e
exportando produtos para o resto do mundo. A atuação da
CODEMIG seria fazer estudos de localização para, em etapa
posterior, partir para as desapropriações, projetos executivos
e obras civis. Se não for feito isso de imediato, serão feitas
localizações industriais inadequadas e, por falta de áreas disponíveis,
a Zona da Mata mineira poderá perder importantes
projetos para se localizar nas imediações do novo aeroporto
que será o segundo internacional de Minas Gerais. Vamos
fazer funcionar a força de um povo que quer alcançar melhores
níveis de crescimento e desenvolvimento? Fica aqui
esta sugestão.
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