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A ECONOMIA COM TODAS AS LETRAS E NÚMEROS
cer. Somente nestes últimos três anos – 2014 a 2016 mundial de 10,02%. Isto é um verdadeiro desastre e só
– a economia brasileira já registrou retração acumula- encontra paradigma em países vítimas de desastres na-
da de 6,77% no período- contra uma expansão média turais ou em situação de guerra.
O desastre econômico brasileiro da 2ª década do século XXI - economia brasileira
PIB Juros s/ Resultado – % PIB Carga Dívida
Ano Brasil Mundo Dívida Pub. Primário Nominal Tributária Total Pública
Variação % PIB (1) (2) % PIB (1)+(2) % PIB
2014 0,50 3,42 5,39 -0,6 -6,0 33,4 39,4 56,3
2015 -3,77 3,20 8,36 -1,9 -10,2 32,7 42,9 65,5
2016 -3,60 3,08 6,46 -2,5 -8,9 32,2* 41,1* 69,5
Acum -6,77 10,02 20,21 18,0pp
*Estimativa Fonte: IBGE/Banco Central/World Economic Outlook/FMI-MinasPart Desenvolvimento
Com esses resultados, conforme já havíamos como os preços domésticos, requerendo cautela do-
previsto e divulgado em nossa edição anterior, o Bra- brada por parte da autoridade monetária. O esforço
sil entrou em 2017 assumindo a perspectiva de que- deu certo: a inflação entrou em rota de queda forte.
brar outro recorde econômico histórico: será o 7º ano Mas, não só à política monetária pode ser
seguido de crescimento econômico inferior às taxas debitada a crise enfrentada pelo país em 2015 e
médias mundiais. E estas estimativas não se origi- 2016, quando o PIB acumulou uma retração, ponta
nam de estudos de analistas econômicos privados a ponta, de 8,1%. Parte dela deriva da necessidade
ou ligados a instituições financeiras: em 22 de março de um forte ajuste fiscal e de uma severa crise de
o próprio governo federal revisou os seus cálculos e confiança que assolou o país quanto à possibilidade
passou a admitir uma expansão de apenas 0,5% do de se fazê-lo. Com o impeachment, uma onda de
PIB para este ano (e, portanto, registrando uma renda otimismo tomou conta - tanto é que os resultados
per capita negativa de 0,30%). De acordo com proje- do segundo trimestre do ano foram menos negati-
ções do FMI-Fundo Monetário Internacional a econo- vos -, porém o suspiro foi breve: os fundamentos
mia mundial deverá registrar, em 2017, uma expan- para uma recuperação mais sólida da economia ain-
são de 3,44% - enquanto a brasileira, o crescimento da não tinham sido preparados. Olhar estes anos de
previsto para esse mesmo ano, é de 0,2%. recessão é importante para entender as bases de
nossa posição atual, porém devemos lembrar que
PIB BRASILEIRO RECUA 3,6% EM 2016 E FECHA estamos olhando pelo retrovisor. O que nos aguarda
ANO EM R$ 6,3 TRILHÕES – US$ 1,8 TRILHÃO. à frente, na estrada?”
EM DOIS ANOS, A QUEDA CHEGA A 7,3% - SÓ Ainda, de acordo com o Relatório da Rosen-
COMPARÁVEL A PAÍSES EM SITUAÇÃO DE GUERRA berg & Associados “com a aprovação de reformas
Segundo o Relatório da Rosenberg & Asso- estruturais importantes na agenda (uma já aprovada,
ciados – “as dificuldades que seriam enfrentadas em a do teto dos gastos do governo), queda da inflação
2016 já eram conhecidas ao início do ano: havia um (permitindo a adoção de uma maior agressividade na
extenso trabalho a ser feito no combate à inflação, redução dos juros por parte do BC) e uma supersafra
evitando que a recomposição das tarifas de admi- a caminho (ajudando, no curto prazo, tanto a renda
nistrados e o choque de câmbio se propagassem de agrícola como a queda da inflação), além de reformas
maneira descontrolada. Ao mesmo tempo, tivemos microeconômicas que pavimentarão o caminho para
uma quebra de safra que não só afetou a atividade o aumento da eficiência e da produtividade, finalmen-
8 Abril a Maio de 2017