A produção de trigo no Brasil em 2022 atinge um novo recorde com estimativa de 9,5 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 23,7% em relação à safra passada, como indica o 3º Levantamento da Safra de Grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se compararmos com o volume colhido em 2019, a produção do cereal praticamente dobra: com uma colheita de 5,1 milhões de toneladas.
O bom resultado é influenciado pelas condições de mercado do produto, uma vez que a demanda pelo cereal segue aquecida e a oferta mundial restrita. A Argentina deve apresentar quebra de safra devido às condições climáticas adversas nas principais regiões produtoras. Se na safra passada o país argentino colheu pouco mais de 22 milhões de toneladas, neste ano a safra está estimada em cerca de 15,5 milhões de toneladas. O resultado reflete diretamente nas exportações portenhas que devem sair de 16 milhões de toneladas para 10 milhões de toneladas. Além disso, o clima também pode afetar a qualidade do grão cultivado na Austrália.
“As altas cotações do cereal no mercado internacional, registradas desde a safra passada, têm favorecido e incentivado os produtores brasileiros. O conflito entre Rússia e Ucrânia também gera uma incerteza com relação à disponibilidade mundial de trigo. Além disso, as questões climáticas que afetaram as culturas na última safra de verão no Brasil podem ter impulsionado alguns agricultores a mitigar as perdas registradas”, ressalta a analista de mercado da Conab, Flávia Starling.
O aumento da produção na última safra possibilita uma exportação recorde para o grão. No último ano comercial, o Brasil vendeu pouco mais de 3 milhões de toneladas do grão. Volume que deve se manter para a safra 2022/23. Ao mesmo tempo, o consumo interno também tende a apresentar crescimento em torno de 2%, estimado em aproximadamente 12,23 milhões de toneladas. Ainda assim, é esperado um acréscimo no estoque de passagem de julho de 2023, podendo chegar a 1,08 milhão de toneladas.
Novos mercados – Além dos moinhos, os produtores encontram alternativas quando o trigo não atinge o nível de qualidade para ser utilizado na indústria de panificação, como é o caso do mercado de ração. Com o preço do milho elevado, há valorização de produtos que podem ser utilizados como substitutos para a alimentação animal.
Outra possibilidade é utilizar o trigo como insumo na produção de biocombustíveis. “O etanol é produzido no Brasil basicamente com cana-de-açúcar e milho, mas o uso de cereais de inverno pode ser uma alternativa para a produção do etanol”, reforça Starling.
Principais produtores – Paraná e Rio Grande do Sul concentram a maior parte da produção de trigo. Juntos os estados são responsáveis pela colheita de mais de 8 milhões de toneladas, cerca de 86% de tudo que é produzido no país. No estado paranaense, a produção nesta safra está estimada em 3,51 milhões de toneladas, crescimento de 9,6% quando comparada à safra 2021/22. Já no Rio Grande do Sul, o incremento na colheita de 36%, prevista em 4,75 milhões de toneladas, é explicado pela maior área destinada para o cultivo do cereal.
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