Carlos Alberto Teixeira de Oliveira

Presidente/Editor Geral de MercadoComum

De acordo com nota divulgada pelo COPOM, “o ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos. A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária. Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda tem apresentado dinamismo, mas observa-se uma incipiente moderação no crescimento. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.”

Cabe ressaltar que este aumento, de 0,5% da Taxa Selic agora decidido pelo COPOM, deve representar um custo adicional de R$ 45 bilhões nas contas públicas nacionais destacando, de outro lado, que os juros nominais do setor público consolidado, apropriados por competência, somaram R$75,2 bilhões em março de 2025, comparativamente a R$64,2 bilhões em março de 2024. No acumulado em doze meses, os juros nominais alcançaram R$935,0 bilhões (7,80% do PIB) em março deste ano, comparativamente a R$745,7 bilhões (6,71% do PIB) nos doze meses até março de 2024.

O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$71,6 bilhões em março. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$948,5 bilhões (7,92% do PIB), ante déficit nominal de R$939,8 bilhões (7,91% do PIB) em fevereiro de 2025.

O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 71,6 bilhões em março. No acumulado em doze meses, o déficit nominal alcançou R$ 948,5 bilhões (7,92% do PIB), ante déficit nominal de R$ 939,8 bilhões (7,91% do PIB) em fevereiro de 2025.

De acordo com a LCA Consultores Econômicos, o comunicado da decisão trouxe alterações importantes. A começar por reconhecer que o ambiente externo está ainda mais incerto, principalmente em relação aos efeitos das políticas comerciais globais sobre a evolução da atividade econômica, da inflação e dos ativos financeiros. Esse ambiente terá impactos heterogêneos sobre as economias emergentes, o que demandará cautela. Além disso, do ponto de vista interno, esse cenário externo alterou os riscos para a inflação, “tanto de alta quanto de baixa”, estejam “mais elevados que o usual”. Com isso, foi suprimido o trecho, constante nas versões anteriores do comunicado, em que a autoridade avaliava que persistia “uma assimetria altista no balanço de riscos”.

No cenário doméstico, o Copom observa que a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda mostram dinamismo, mas com sinais de moderação no crescimento. A inflação corrente e suas medidas subjacentes permanecem acima das metas, e as expectativas de inflação seguem desancoradas. A projeção oficial para a inflação de 2025 recuou de 5,1% para 4,8%, devido à revisão para baixo na inflação de bens administrados, influenciada pela queda nos preços dos combustíveis e do dólar. Para 2026, a projeção é de 3,6%, acima do centro da meta.

O trecho prospectivo do comunicado sofreu duas mudanças importantes. O Copom agora entende que o cenário de incerteza exige uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado. Além disso, retirou a sinalização explícita para a próxima reunião, uma indicação de que o cenário de elevada incerteza e o estágio avançado do ciclo de ajuste demandam cautela adicional e flexibilidade na política monetária.

Essas mudanças estão alinhadas com a decisão de desacelerar o ritmo de elevação da Selic e garantir flexibilidade na calibragem do aperto monetário. A expectativa é de um último aumento da Selic de 25 pontos-base em junho, com um ciclo de flexibilização previsto para começar entre o primeiro e o segundo trimestre de 2026.

O COPOM destaca, ainda, que o Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

FED mantém as taxas de juros inalteradas nos Estados Unidos

Para o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori – “como esperado, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros americana inalterada entre 4,25% e 4,50%. A decisão deve ter pouco impacto sobre os preços dos ativos no mercado, que agora foca nas sinalizações do presidente do banco central, Jerome Powell, para os próximos passos da política monetária, dadas as circunstâncias desafiadoras relacionadas às políticas econômicas recentes.

A situação é um desafio porque a inflação causada por tarifas é diferente de um aumento de preços por excesso de demanda. Subir juros desestimula o consumo e a tomada de crédito, mas não ajuda a baixar os aumentos nos preços causados por tarifas. Ao mesmo tempo, baixar os juros para evitar uma desaceleração econômica pode reforçar a inflação pelo lado da demanda.

A manutenção dos juros, neste contexto, sinaliza um voto de confiança do banco central na força da economia americana, já que as condições de mercado de trabalho e outros indicadores econômicos continuam estáveis, com exceção da contração no PIB americano no primeiro trimestre – que ocorreu especialmente por conta de uma forte antecipação de importações relacionada aos efeitos das tarifas (importações são uma subtração no cálculo do PIB).

Além da coletiva de imprensa de Powell, o mercado seguirá atento a possíveis novas pressões do governo sobre o banco central, já que Donald Trump vem defendendo cortes nos juros. Qualquer sinalização de diminuição da independência do banco central americano pode trazer mais estresse para os mercados.

Edição 345 - Maio de 2025 — Edição 345 – Maio de 2025

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