Começa corrida sucess ória
Como conseqüência natural da antecipação do processo sucessório
nacional, a sucessão do governador Antonio Anastasia
já movimenta os meios políticos de Minas e de Brasília,
bem como em áreas empresariais, entidades de classe e
sindicatos. As articulações envolvem nomes já cogitados e
outros até então tidos como ausentes do processo político.
As articulações começam a ser feitas por partidos políticos
em Minas e em áreas governamentais, tendo em vista que estão
postas, extra-oficialmente, as candidaturas da presidenta
Dilma Rousseff e do ex-governador de Minas, senador Aécio
Neves, à presidência da República. Correndo por fora o governador
de Pernambuco, Eduardo Campos e Marina Silva.
A grande maioria dos nomes postos que vem circulando nos
partidos políticos com desenvoltura e freqüência é de políticos
conhecidos, mas existe uma quase unanimidade nas
colocações feitas: sempre dizem que ainda é cedo para se
cogitar de candidaturas. Nos bastidores e na intimidade dos
partidos e dos meandros do poder, porém, o assunto já é
discutido com desenvoltura.
Como a sucessão estadual em Minas, em 2014, vai depender
das costuras para a sucessão presidencial e esta já está
desencadeada, a conseqüência lógica é a de que aquela
também já deu a largada.
Dentre os muitos nomes aventados preliminarmente, há algumas
surpresas, e estão listados a seguir: 1) – o senador
Aécio Neves, se não conseguir viabilizar sua candidatura à
presidência da República; 2) – o vice-governador Alberto Pinto
Coelho, se vier, ao que tudo indica, a assumir o governo
de Minas, com a desincompatibilização do governador Antonio
Anastasia para ser candidato ao Senado; 3) – o ministro Fernando Pimentel,
que tem quase unanimidade no PT e é
homem da confiança da presidente Dilma Rousseff; 4) -o
prefeito Marcio Lacerda, por sua grande densidade eleitoral
na capital e ser homem de confiança de Aécio Neves; 5) –
o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, deputado
Dinis Pinheiro, considerado bom de voto e de largo prestígio
no Parlamento estadual; 6) – o senador Clésio Andrade, com
larga experiência política e único nome até o momento em
cogitação no PMDB; 7) – o presidente do Diretório Estadual
do PSDB, Marcus Pestana, homem da absoluta confiança
do senador Aécio Neves.
Podem surgir algumas surpresas, reservadas para nomes
que até então não vinham sendo cogitados, como o do empresário
Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice presidente
José Alencar Gomes da Silva. que contaria com as preferências
do ex-presidente Lula, entre outros.
AÉCIO NEVES
Uma grande parcela da população – exceto
a população alienada que ainda se
constitui num grande contingente – sabe
que o senador Aécio Neves é o candidato
das oposições à presidência da
República. Por enquanto, não há nenhuma
dúvida sobre isto. E Aécio está
trabalhando dia e noite para ser candidato e tentar vencer a
presidente Dilma Rousseff.
O impossível e o imaginário podem eclodir quando menos
se espera. Se analisarmos, no terreno das hipóteses, a possibilidade
de surgimento de um fato novo ou fatos novos
que venham a inviabilizar a candidatura de Aécio Neves à
presidência, neste caso, ele voltaria para ser candidato a governador
de Minas.
Não seria uma disputa eleitoral contra qualquer candidato,
seria praticamente uma mera nomeação, pois Aécio teria,
para tentar um terceiro mandato, mais de 70 por cento dos
votos do eleitorado mineiro. No entanto, hoje Aécio não é
candidato a governador. Seu objetivo é a presidência da República.
Como em política tudo é possível, não se pode descartar
sua volta ao Palácio da Liberdade em 2014, se houver um
tsunami político neste país.
ALBERTO PINTO COELHO
O vice-governador Alberto Pinto
Coelho(PP), que não pertence ao PSDB,
mas integra o grupo palaciano e goza de
total confiança tanto do governador Antonio
Anastasia, como do senador Aécio
Neves, é uma alternativa das hostes palacianas.
Formado em Administração de Empresas, embora não seja
mineiro, pois nasceu na cidade de Rio Verde, em Goiás, Pinto
Coelho construiu sua carreira política toda em Minas. Foi eleito
deputado estadual em 1994. Exerceu quatro mandatos
de deputado estadual e presidiu a Assembleia Legislativa de
Minas por duas legislaturas, até ser eleito vice-governador na
chapa encabeçada pelo prof. Antonio Anastasia.
Pela habilidade com que tem desenvolvido sua atividade política,
goza de grande prestígio entre os deputados estaduais
com quem conviveu durante 16 anos.
Torna-se, desta forma, um nome forte dentro das composições
que poderão vir a ser estudadas com vistas à sucessão
do governador Antonio Anastasia.
Sua candidatura, no entanto, pode estar condicionada à
desincompatibilização do governador para ser a candidato
a senador. Se assumir o governo de Minas, as chances de
Pinto Coelho ser candidato à reeleição serão maiores, pois
terá nada menos do que seis meses para costurar sua candidatura
e contribuir para a eleição de Anastasia ao Senado
e de Aécio Neves à precedência da República. Se Anastasia
desistir da candidatura, tudo muda para Pinto Coelho. Sua
candidatura depende, também, do posicionamento do seu
partido na sucessão presidencial.
CLÉSIO ANDRADE
O senador Clésio Andrade é o nome
posto pelo PMDB, partido a que se filiou
recentemente, para a disputa do governo
do Estado, como terceira via.
Como Hélio Costa não pretende mais
disputar, o PMDB não tem nem outro
nome de peso, além do Clésio Andrade, em condições de
concorrer com os candidatos do PSDB e do PT. Por isso, já
existe um consenso em torno do seu nome.
Há, porém, um possível obstáculo à sua candidatura. Trata-
-se dos desdobramentos a nível dos estados da composição
do PT com o PMDB, para a disputa da presidência
da Republica. Nas últimas eleições governamentais, o PT
mineiro se viu obrigado a engolir a candidatura Hélio Costa,
para evitar uma cizânia nas hostes do PMDB em benefício do
candidato tucano.
Nestas eleições que se aproximam, pode ocorrer o contrário:
o PT nacional querer pressionar a direção nacional do PMDB
para que faça uma intervenção branca no PMDB mineiro, a
fim de garantir o apoio deste ao candidato petista ao governo
de Minas. Trata-se de uma hipótese apenas. Mas viável.
Além de empresário, Clésio Andrade tem larga experiência
política, exercendo atualmente o cargo de senador da República,
desde dia 11 de janeiro de 2011, após a morte de
Eliseu Rezende, do qual era suplente Foi ainda deputado federal
e vice-governador de Minas.
É formado em economia, administração e ciências contábeis
pela PUCMINAS. Na esfera privada é presidente da Confederação
Nacional dos Transportes, tendo sido presidente do
Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de
Belo Horizonte.
Assim, se não houver interferência nacional em contrário, Clésio
Andrade será o candidato do PMDB ao governo de Minas.
DINIS PINHEIRO
O presidente da Assembleia Legislativa
de Mina Gerais, Dinis Pinheiro, tem tido
seu nome lembrado para candidato a
candidato ao governo de Minas em função
da grande penetração que tem em
todas as áreas políticas e partidárias e
por ter demonstrado, nas cinco eleições
que disputou, ser bom de voto.
Tendo sido reeleito pra a presidência da Assembleia Legislativa
de Minas, Dinis Pinheiro, se depender de boa parcela dos
deputados estaduais, com quem convive diariamente, seria
o candidato do PSDB e de uma ampla coligação ao governo
de Minas.
Bom de voto, vai para a sua quinta legislatura, tendo sido
o mais votado nas eleições de 2006, com mais de 130 mil
votos. Em 2010 tornou-se o deputado mais votado da história
do legislativo mineiro, com 159 mil votos. Ocupou ainda
na Assembleia Legislativa os cargos de primeiro secretário e
vice-líder do governo.
Com grande prestígio no interior, foi votado em quase todos
os municípios mineiros. A votação de Dinis Pinheiro concentra-
se mais nas regiões centrais, Vale do Rio Doce, Jequitinhonha
e Mucuri.
FERNANDO PIMENTEL
O ministro do Desenvolvimento Econômico,
Indústria e Comércio Exterior do
governo Dilma Rousseff é hoje o candidato
do PT ao governo de Minas. Seu
principal concorrente dentro do partido,
o ex-ministro Patrus Ananias, encontra-
-se no ostracismo político, sem cargo
no governo federal e, por isso mesmo, não tem nenhuma
condição de disputar com ele dentro do PT a sua indicação.
Desta forma, à luz da realidade política atual, que pode mudar
em dois anos, o candidato do PT ao governo de Minas é o
ministro Fernando Pimentel. Só não o será se não quiser, se
um fato novo impedir sua candidatura ou se as composições
políticas da presidente Dilma Rousseff levarem o PT para outra
direção. Pimentel é amigo da presidente Dilma Rousseff,
de quem foi companheiro de guerrilha e é, sem nenhuma dúvida,
o seu candidato a governador de Minas.
Nas circunstâncias atuais, portanto, não existe outro candidato,
dentro do PT, em condições de disputar com ele.
Mesmo porque, integrando o governo Dilma e dispondo do
poder político de decisão, tendo a caneta na mão, torna-se
para ele fácil manter o comando do PT em Minas, sobre o
qual exerce total e incontestável liderança. O próprio Patrus
Ananias reconhece que não tem condições de disputar com
Pimentel dentro do partido sua indicação
Fernando Pimentel foi prefeito de Belo Horizonte no período
de 2005 a 2008, é formado em Economia pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais e mestre em Ciência Política
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi fundador
do Partido dos Trabalhadores, ao qual está filiado até hoje.
JOSUÉ GOMES DA SILVA
O filho do ex-vice-presidente José Alencar
Gomes da Silva, Josué Christiano
Gomes da Silva, chegou a ser especulado,
nas áreas ligadas ao governo federal,
como possível candidato da simpatia
da presidente Dilma Rousseff e do ex-
-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
disputar o governo de Minas, numa possível coligação PT-
-PMDB. A especulação tem algum sentido, uma vez que a
imprensa tem noticiado que o ex-presidente viaja constantemente
em avião da Coteminas, em suas andanças pelo país.
Josué, no entanto, além de vir mantendo absoluto silêncio a
respeito, se quiser ser candidato, terá de enfrentar um grande
número de barreiras , entre as quais o fato de não morar em
Minas, de ter transferido para São Paulo a sede de empresas
do grupo Coteminas, de nunca ter desenvolvendo qualquer
atividade política e, ainda por cima, morar em São Paulo.
Lula teve condições de indicar o professor Fernando Haddad
para candidato do PT à prefeitura de São Paulo, com muitos
traumas, que foram dobrados com facilidade e custaram,
nas negociações visíveis, até um ministério à presidente Dilma
Rousseff. Para passar mel nos lábios de Marta Suplicy,
que era candidata natural do PT, Dilma deu-lhe como prêmio
de consolação o ministério da Cultura.
O PMDB já tem um candidato posto, que é o senador Clésio
Andrade. O PT, também, o ministro Fernando Pimentel. Vê-
-se, pois, que se Josué quiser ser candidato, e tudo indica
que não quer, terá de enfrentar resistências de toda ordem. E
tem a agravante de não ser filiado a nenhum partido, embora
haja prazo pra fazê-lo, que é de um ano antes das eleições.
Chances de Josué ser candidato a candidato hoje são poucas,
mas em política tudo é possível. Se não tem chances de
ser candidato a candidato hoje, poderá tê-las nos próximos
10 meses, tempo suficiente para articular com o ex-presidente
Lula e a presidente Dilma Rousseff a sua candidatura ele
tem. Resta saber se existe disposição neste sentido e se o
ex-presidente estaria, no momento oportuno, disposto a bancar
sua candidatura.
MARCIO LACERDA
O prefeito de Belo Horizonte foi eleito e
reeleito com o apoio decisivo de Aécio
Neves e Antonio Anastasia. Por isso,
até o momento, é homem da inteira
confiança de ambos. Antes de ser ungido
como candidato a prefeito, Marcio
Lacerda era apenas um desconhecido
empresário bem sucedido, que nunca havia militado na
política partidária, nem disputado qualquer cargo eletivo.
Novidade na política de Belo Horizonte, ganhou a eleição
com o empenho de Aécio Neves e Antonio Anastasia. Por
isso, sua candidatura só terá condições de existir e decolar,
se for o candidato oficial.
A candidatura de Marcio Lacerda depende fundamentalmente
dos rumos da sucessão presidencial e do posicionamento
do seu partido a nível nacional em relação à candidatura Aécio
Neves. Sem Aécio e Anastasia, a candidatura de Lacerda
terá muitos obstáculos para se viabilizar.
Lacerda ostentando uma excelente popularidade, com mais
de 60 por cento de aprovação da população de Belo Horizonte,
com muitas obras em andamento, se tiver o respaldo do
Palácio da Liberdade e, fizer dobradinha com o candidato à
presidência, Aécio Neves, Marcio Lacerda que, até ser ungido
como candidato a prefeito de BH, nunca tinha militado na
política partidária nem disputado nenhum cargo político, seria
praticamente imbatível.
MARCUS PESTANA
Pela habilidade e segurança com que
tem se comportado na presidência do
PSDB e pelo êxito obtido quando ocupou
a titularidade da Secretaria da Saúde
do Governo de Minas, na administração
Aécio Neves, Marcus Pestana é um
nome que vem sendo também lembrado
nas hostes do seu partido para possível candidato a candidato
pelo PSDB ao governo do Estado.
Como é homem da absoluta confiança do senador Aécio
Neves, sua possível candidatura está umbilicalmente ligada
à candidatura do ex-governador de Minas à presidência da
República.
Economista, Marcus Pestana é presidente do Diretório Regional
do PSDB, tendo sido Secretário de Saúde no Governo
Aécio Neves. Nasceu em Juiz de Fora, onde foi vereador. Foi
também deputado estadual e atualmente exerce o mandato
de deputado federal.
OUTROS
Neste baralho que é o jogo político de Minas nem todas as
cartas já se encontram nominadas e podem aparecer vários
outros nomes, como os de José Fernando Aparecido de Oliveira,
que articula a formação de um novo partido nacional
com Marina Silva. José Fernando é ex-prefeito de Conceição
do Mato Dentro, ex-deputado federal e concorreu às últimas
eleições para o governo de Minas. Um outro nome é o de
Paulo Safady Simão, presidente do recém criado PSD, engenheiro
e empresário, atualmente presidente da CBIC-Câmara
Brasileira da Indústria da Construção, sem contar os de Renata
Vilhena, secretária de Planejamento e Gestão, além de
Andrea Neves, presidente do SERVAS-MG e irmã do senador
Aécio Neves. E muitos postes estão por aí…
Ainda, no decorrer do processo sucessório mineiro teremos,
como sempre, aquelas tradicionais cartas marcadas,
principalmente nos partidos nanicos com o reaparecimento
de eternos candidatos, todos sem nenhuma possibilidade.
Esses seguem a máxima de que o importante é competir.
Quem aposta?
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