A companhia canadense Sigma Lithium informou em seus resultados consolidados não auditados que registrou prejuízo líquido de 26,5 milhões de dólares canadenses – equivalentes a US$ 19,7 milhões no trimestre encerrado em 31 de março. No mesmo período de 2022, o prejuízo chegou a 10,82 milhões de dólares canadenses.
A empresa canadense, cuja única operação está no Brasil, no Vale do Jequitinhonha (norte de Minas Gerais), começou a produção comercial de lítio em abril deste ano e por isso não houve geração de receita no primeiro trimestre.
A companhia — controlada por investidores brasileiros e fundos institucionais e de investimentos nacionais e estrangeiros — realizou o primeiro embarque de lítio em 27 de julho, totalizando pouco mais de 30 mil toneladas, sendo 15 mil toneladas de lítio grau bateria e 16,5 mil toneladas de ultrafinos.
O produto foi enviado para a Yahua International Investment and Development. A Sigma recebeu aproximadamente US$ 3,5 mil por tonelada de lítio grau-bateria e US$ 350 por tonelada de ultrafino, totalizando aproximadamente US$ 58,3 milhões.
No trimestre encerrado em março, a companhia, que faz mineração para produção de lítio na mina Grota do Cirilo, registrou despesas operacionais de 14,3 milhões de dólares canadenses, ante 1,3 milhão de dólares canadenses no mesmo intervalo de 2022.
O resultado financeiro foi de 4,2 milhões de dólares canadenses, ante 1,9 milhão de dólares canadenses um ano antes.
O caixa e equivalentes de caixa da companhia atingiu 92,9 milhões de dólares canadenses, ante 96,4 milhões de dólares canadenses um ano antes.
A Sigma Brazil detém quatro propriedades minerárias: Grota do Cirilo, São José, Santa Clara e Genipapo, localizadas nos municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha.
A companhia informou que o resultado consolidado foi preparado de acordo com o padrão contábil internacional 34 e não inclui todos os requisitos previstos no padrão IFRS.
A Sigma Lithium também informou que conseguiu atingir as metas de produção planejadas para o segundo trimestre na sua fábrica, localizada no Vale do Jequitinhonha (MG). A companhia segue o planejamento para produzir, até dezembro, 130 mil toneladas de lítio “verde” triplo zero em termos de pegada de carbono, uso de químicos nocivos e rejeitos.
A companhia também estima atingir a capacidade de produção anualizada de 270 mil toneladas de lítio “verde” até o fim do terceiro trimestre. A empresa informou que já atingiu 95% da sua capacidade de produção em agosto. Neste mês, a Sigma atingiu recorde de produção diária de 846 toneladas de lítio verde.
“A indústria está atingindo todos os indicadores de desempenho, o empilhamento a seco já está comissionado. No terceiro trimestre a indústria já alcança o nível anualizado, estamos muito felizes”, comemorou a CEO e copresidente do conselho de administração, Ana Cabral-Gardner.
A Sigma calibrou o filtro de correia do circuito de empilhamento a seco da planta em julho. Com isso, conseguiu atingir 95% da capacidade de produção neste mês.
Os próximos embarques previstos são de 15 mil toneladas de lítio verde no fim de agosto, 30 mil toneladas de ultrafinos em meados de setembro e outras 18 mil toneladas de lítio verde no fim de setembro.
A Sigma informou que a sua planta industrial é capaz de produzir lítio verde com grau químico triplo zero com concentração de 6,3%, usando matéria-prima da mina Grota do Cirilo.
Aberto processo contra ex-CEO por ‘roubo de segredos’
A Sigma Lithium, que produz o metal usado em baterias para veículos elétricos, processou um ex-co-CEO, acusando-o de roubar segredos comerciais a fim de minar o esforço da empresa em promover sua própria venda.
A queixa-crime foi protocolada no dia 21 de agosto, na Justiça Federal de Manhattan [Nova York) contra Calvyn Gardner, que, até janeiro deste ano era co-CEO [e co-chairman] da Sigma juntamente com Ana Cabral-Gardner, que continua sendo CEO da empresa e copresidente do conselho de administração. Eles estão se divorciando. Luisa Valim, nora de Calvyn Gardner, também é acusada.
No dia 22 de agosto, o escritório de advocacia de Gardner não deu resposta imediata a pedidos por seus comentários. Não se sabe se Valim tem um advogado, e ela também não pôde ser contatada de imediato.
A Sigma tem sede em Vancouver, na Columbia Britânica, no Canadá, mas tem operação principalmente no Brasil e contabilizava um valor de mercado de cerca de 5,07 bilhões de dólares canadenses (US$ 3,74 bilhões) no dia 21 de agosto.
O processo informa que Cabral-Gardner e Gardner administram um fundo, o A10 Investimentos, que detém 44% do capital da empresa, com Ana Cabral-Gardner controlando 76% do fundo e Gardner, 24%.
Segundo informa a Sigma, Valim concebeu um esquema destinado a roubar informações proprietárias “para fins de alavancagem e de vingança” e para ganhar mais aceitação da parte de seu sogro, após ficar sabendo que ele pode não ter direitos legais à obtenção de metade dos ativos do casal no divórcio.
A Sigma informou que logo após Valim sair da empresa, em maio, ela baixou e compartilhou com Gardner cerca de 80 mil documentos confidenciais de uma sala de dados, a que teve acesso por coordenação do Bank of America, que tem trabalhado em conversações com compradores potenciais da Sigma.
Segundo a Sigma, entre esses documentos estavam documentos industriais e de mineração que constituíam a “particularidade secreta” de sua atividade comercial e que, se mal-empregados, acabariam com sua principal vantagem competitiva sobre concorrentes em mineração e processamento de lítio.
A Sigma destacou que os atos de Valim e Gardner “visavam interferir” em uma possível aquisição do controle da empresa, e que Valim tinha se gabado junto a um sócio do A10 num voo em 1º de julho de que, devido ao esquema, “o processo de fusão e aquisição ‘tinha acabado’”.
O processo [movido pela Sigma em Nova York] defende o pagamento de uma indenização não especificada e a devolução de ativos obtidos fraudulentamente. Em entrevista, em 28 de julho, Cabral-Gardner disse que a Sigma tem procurado fortalecer sua “posição competitiva ambientalmente única” na cadeia de suprimentos global [de lítio grau bateria}. “A empresa é o ativo”, afirmou Ana Cabral.
Fundada em 2012 por Calvyn, em Vancouver, a Sigma Lithium teve as participações dele e da Magnestia adquiridas pelo fundo A10 Investimentos (de Ana Cabral e outros sócios) em 2016. A partir de então, a empresa ganhou corpo, vindo a abrir o capital na Bolsa de Toronto em 2018. Com os recursos — US$ 20 milhões —, a Sigma avançou em pesquisas geológicas de seus direitos minerários localizados nos municípios de Araçuaí e Itinga, no Vale do Jequitinhonha (noroeste de Minas Gerais). Em setembro de 2021, a companhia, já com um projeto industrial definido de produção de lítio grau bateria, abriu o capital na Nasdaq.
No projeto, a empresa investiu cerca de R$ 1,5 bilhão na primeira fase — 270 mil toneladas de concentrado (37 mil de carbonato de lítio equivalente-LCE). Outro tanto está previsto nas fases 2 e 3, para atingir 104,2 mil toneladas de LCE.
Neste ano, várias notícias foram publicadas sobre propostas de compra do controle da Sigma. Em recente entrevista à Reuters, Ana Cabral disse que a empresa está trabalhando com o Bank of America para coordenar as negociações com as partes interessadas. E que o banco vem mantendo reuniões há pelo menos quatro meses com partes interessadas.
O Bank of America preferiu não comentar. Procurada, a Sigma declinou de fazer comentários sobre o assunto. (Fontes: Reuters, Diário do Comércio e Valor 14.08, 11.08 e 24.08)
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