Banco Central mantém a taxa Selic, atualmente na casa dos 13,75% ao ano
O Banco Central (BC) anunciou a manutenção da taxa Selic, atualmente na casa dos 13,75% ao ano. A preocupação com a inflação – que permanece avançando nas principais economias globais – arrefeceu no Brasil e faz com que o mercado mantenha a previsão de uma queda na taxa básica de juros a 11,25% a.a. para o final de 2023.
O anúncio desta semana pelo Banco Central não foi diferente da expectativa de parte do mercado, que estava dividido entre um novo reajuste residual e a manutenção da taxa a 13,75% ao ano. Já a projeção de um ciclo de altas aparentemente está chegando ao fim, afinal, a previsão para 2024 é da taxa Selic a 8% ao ano.
“Com uma sinalização de fim de ciclo de alta dos juros, o Banco Central busca mostrar ao mercado que a inflação está sob controle e que, de agora em diante, passa a monitorar esse indicador para entender quando será o momento mais apropriado para iniciar o ciclo de queda, de forma a não prejudicar demasiadamente a economia”, comenta Daniel Funabashi, sócio e assessor de investimentos na iHUB Investimentos.
O cenário econômico atual registrou uma deflação por dois meses consecutivos, em julho e agosto de, respectivamente, 0,68% e 0,36%, deixando a inflação abaixo dos dois dígitos pela primeira vez desde o ano anterior. No entanto, a meta para a inflação este ano, estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), entre 2% e 5%, será ultrapassada por uma expectativa que cai de 6,40% para 6%.
Para o futuro, alguns analistas acreditam que a taxa permanecerá alta por um longo prazo devido à inflação, que deve continuar acima da meta do Banco Central para 2023, a qual é de 3,25%, com margem de 1,5% para mais ou para menos. Entretanto, é possível que não ocorra uma inflação de dois dígitos, como visto até o primeiro semestre de 2022.
“A expectativa do mercado é de que os juros iniciem uma trajetória de queda a partir do segundo semestre de 2023, mas o Banco Central não medirá esforços para iniciar esse ciclo, porque não quer causar um dano muito alto à economia”, explica Funabashi. O mercado espera, segundo o último Relatório Focus, que a taxa Selic termine 2023 em 11,25% ao ano, enquanto a XP Investimentos, mais otimista, acredita que a taxa básica de juros pode fechar o ano que vem a 10% ao ano.
Ainda é momento de aproveitar a taxa Selic?
A Selic é a taxa que o Banco Central utiliza para remunerar o investidor em seu principal título de investimento: o Tesouro Selic. Também conhecido por LFT (antiga Letra Financeira do Tesouro), é uma opção para o investidor que busca reserva de liquidez, além de ser o investimento com maior grau de segurança no país.
Em seguida, as aplicações que também são favorecidas pagam taxas de juros atreladas ao CDI, por exemplo, por ser uma taxa praticada pelos bancos privados muito próxima da Selic, cotado atualmente em 13,65% a.a. Investimentos que pagam 100% do CDI estão rendendo mais de 1% ao mês.
“Outros investimentos que se beneficiam com a alta da taxa são os pós-fixados, que acompanham os níveis de juros no presente. Entre as principais opções estão os CDBs e os títulos privados, que são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas e, em muitos casos, contam com isenção de imposto de renda para o investidor pessoa física”, comenta ele.
Além do Tesouro Direto, o especialista da iHUB, Daniel Funabashi, cita mais opções de investimentos que, quando atrelados ao CDI, sofrem impacto direto após a recente alta da taxa Selic:
1) CDBs com ou sem liquidez diária – Certificado de Depósito Bancário
2) LCI – Letra de Crédito Imobiliário
3) LCA – Letra de Crédito do Agronegócio
4) LC – Letra de Câmbio
Qual será o desempenho do Ibovespa?
De acordo com o especialista da iHUB, o Ibovespa tem uma alta correlação inversa com os ciclos de juros. Ou seja, é comum que durante um ciclo de alta de juros a bolsa caia e o inverso ocorra durante um ciclo de queda dos juros. Então, é esperado que a bolsa de valores recupere fôlego no início do ciclo de queda da Selic.
Muitos analistas e gestores profissionais veem as ações da bolsa de valores brasileira com preços convidativos, devido às grandes quedas sofridas durante o segundo semestre do ano passado, quando o Banco Central acirrou o ritmo de alta dos juros.
“Há basicamente dois motivos para esse movimento. O primeiro é que com juros altos, o custo para as empresas captarem empréstimos e financiamentos cresce, o que afeta a lucratividade e a capacidade de financiar novos projetos. Outro motivo, diretamente ligado ao primeiro, é que a técnica mais utilizada para avaliação do preço de uma ação conta com os juros como um dos principais elementos da fórmula, na qual juros altos significam um desconto maior”, exemplifica Daniel Funabashi.
Com isso em mente, os investidores podem se beneficiar de um futuro ciclo de queda dos juros, mas devem ter cautela com o momento político do país, porque há incerteza com relação a quem será o próximo chefe de estado e qual será a postura dele em relação a pautas importantes, como o teto de gastos e reformas estruturantes.
Eleições 2022 impactarão o cenário?
Faltando cerca de 10 dias para as eleições presidenciais de 2022, temos, como favoritos na disputa, dois candidatos que já ocuparam a cadeira presidencial, protagonistas de uma polarização que, segundo o especialista, não será o fator determinante para grandes quedas na bolsa brasileira.
Embora isso possa indicar uma precificação já consolidada pelo mercado nas eleições, o Ibovespa ainda pode apresentar oscilações em ações locais do país,e o cenário pode se acentuar caso haja segundo turno neste ano.
“Eleições sempre trazem maior incerteza e, na bolsa de valores, incerteza é sinônimo de volatilidade. Até o momento as eleições causaram uma oscilação relativamente baixa, mas não podemos descartar um aumento da volatilidade no período que antecede o pleito. Uma vitória de qualquer candidato no primeiro turno, será como tirar o esparadrapo de uma vez só, ou seja, pode doer mais num primeiro momento, mas resolve uma incerteza que duraria mais algumas semanas, no caso de um segundo turno”, finaliza o especialista da iHUB.
A iHUB Investimentos é uma empresa especializada em assessoria de investimentos credenciada pela XP Investimentos. Possui mais de 3,5 mil clientes, somando mais de R$1 bilhão em valores investidos sob custódia.
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