Autor: Tiago Piassum* e Autor: Cristiano Oliveira*
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), indicador preliminar do PIB, surpreendeu o mercado com um crescimento de 0,80% em setembro em relação ao mês anterior. As previsões do Boletim Focus de janeiro deste ano previam crescimento de apenas 1,6% em 2024. Ainda assim, prevê um valor um pouco superior aos 3,00% acumulados nos últimos 12 meses.
Mas como isso é possível em um ambiente de instabilidade, com a credibilidade das políticas fiscal e monetária abalada e o dólar e os juros futuros em alta? Para muitos, o cenário já deveria apontar para uma recessão. Afinal, por que isso ainda não aconteceu?
Primeiro, o impacto total do aumento da Selic só deve atingir a economia em 2025 devido à natureza gradual da transmissão da política monetária. Quando o Banco Central aumenta a taxa Selic, ele cria uma reação em cadeia que influencia os custos de empréstimos, o comportamento do consumidor, o investimento empresarial e as expectativas de inflação. Esses efeitos se desdobram ao longo do tempo, pois dependem de ajustes em contratos financeiros, mudanças na dinâmica do mercado e mudanças no comportamento econômico.
Taxas de juros mais altas aumentam diretamente o custo de empréstimos para empresas e consumidores. Para as empresas, isso geralmente resulta em uma redução no investimento, pois o custo mais alto do capital torna os projetos de expansão menos atraentes. As famílias, por sua vez, enfrentam pagamentos mensais mais altos em cartões de crédito, empréstimos e hipotecas, o que reduz seus gastos discricionários. No entanto, muitos compromissos financeiros existentes são baseados em taxas fixas ou acordos de longo prazo, o que significa que o impacto dos aumentos de taxas não é sentido instantaneamente, mas sim quando esses contratos são renegociados ou novos são assinados.
O processo é ainda mais lento quando empresas e consumidores ajustam suas expectativas e comportamentos. Decisões para reduzir investimentos ou cortar gastos geralmente ocorrem gradualmente, à medida que empresas e famílias avaliam o ambiente econômico mais amplo. Evidências empíricas sugerem que os efeitos mais fortes de uma mudança na política monetária sobre a produção econômica normalmente levam de 12 a 24 meses para se materializar. No caso de recentes aumentos da taxa Selic, espera-se que sua influência total sobre a produção, emprego e consumo seja mais evidente até 2025.
Em segundo lugar, o potencial para uma crise econômica pode ser adiado graças à forte influência dos preços internacionais das commodities no crescimento de curto prazo do Brasil. Desde 2004, a correlação entre o IBC-Br e o índice de preços de commodities do Banco Mundial tem sido de aproximadamente 66%. Historicamente, crises como a de 2008, o período da ex-presidente Dilma e a pandemia foram acompanhadas por quedas nos preços das commodities. Embora a correlação não seja o mesmo que causalidade, o Brasil, como uma pequena economia aberta, parece experimentar uma relação direta entre os ciclos de commodities e seu próprio ciclo econômico.
Muitos ainda acreditam que a influência das commodities se limita à balança comercial, mas seu impacto é muito mais amplo. Em altos preços de commodities, a demanda interna se fortalece, enquanto em períodos de queda, essa demanda se contrai. Alguns estudos indicam que choques nos preços de commodities afetam o investimento e o consumo ainda mais intensamente do que as exportações. Como resultado, o PIB brasileiro é fortemente influenciado pelos movimentos globais dos preços das commodities: quando sobem, o Brasil cresce; quando caem, o país enfrenta crises.
Os surpreendentes números de crescimento de 2024 parecem refletir uma ligeira recuperação nos preços das commodities após um período de declínio pós-pandemia. Isso mantém o Brasil temporariamente longe de uma crise econômica iminente — o que parece ser mais uma questão de sorte do que de julgamento, especialmente dadas as incertezas sobre as políticas fiscais e monetárias.
No entanto, sem um esforço sólido de políticas regulatórias e fiscais que estimulem o produto pelo lado da oferta (reduzindo o intervencionismo atual), infelizmente todos os ingredientes para uma crise ainda estão presentes. A queda dos preços das commodities talvez seja o último gatilho para isso.
*CEO da Rivool Finance – **Head of research na Rivool Finance
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