Por: Jorge Raggi
O que faz um gestor? O que faz um líder? Onde ele se diferencia dos demais? É em diferentes graus do seu comportamento. Ele se eleva em maior percepção, coragem, iniciativa, flexibilidade, foco, comunicação eficaz, autoconfiança emocional, charme, sedução. Sempre foi assim através dos tempos. Os cursos de gestão podem trabalhar estudos de casos de líderes antigos e o que não desenvolvemos além deles. Seria um começo com bases sólidas: conhecimento de milênios. Como exemplos: Plutarco (46 – 120 d.C. ) com estudos de 46 líderes gregos e romanos. Tucídides foi general e relatou os comportamentos políticos dos líderes da guerra entre Atenas e Esparta com tamanha genialidade e realidade que é base de estudos atuais. Herótodos, com misticismo, escreveu a conquista dos gregos sobre a Pérsia, onde o mundo passou a ter predomínio ocidental. Homero, oito séculos a. C., organizou as histórias sobre os líderes da Guerra de Tróia e o retorno de Odisseu em uma viagem mítica de 10 anos onde o herói precisou exercer todas suas habilidades – e são as habilidades que buscamos para desenvolver os líderes atuais.
O ensino da gestão estruturado no início do século passado teve um marco com o livro de Douglas McGregor “O Lado Humano da Empresa”, de 1960, com sua teoria X (coerção) e Y (adaptação seletiva). Peter Drucker já estava atuante, com grande capacidade de comunicação e foi considerado o maior estudioso da gestão. Mas no final de sua vida estava decepcionado com os espetáculos de marketing sobre a gestão, chegando a afirmar “a imprensa chama estes indivíduos de gurus porque ninguém sabe escrever charlatão”. Drucker desprezava o modismo de exaltação à liderança. Tom Peters disse que ele popularizou o estudo da moderna gestão, mas que ficaria horrorizado ao ser descrito como popularizador, porque esta era uma das críticas mais constantes que Drucker fazia a Peters. E este chegou a criar “A Busca do Uau!”. Podemos dizer que em 100 anos, investimos muito e avançamos pouco, principalmente porque não medimos os resultados dos cursos e treinamentos em gestão. Um grande impacto no ensino da gestão é o recente desenvolvimento do imageamento do cérebro. Turbinou as neurociências nas pesquisas do comportamento humano revelando a complexidade do comportamento. Onde existe complexidade qualquer teoria serve, quando os resultados não são medidos. O que existe de fato, até agora, é o que sempre existiu:… a gestão de sempre…
O que pode vir nos próximos anos? Se existia dúvidas que “não existe um grande homem para seu criado de quarto”, e “a se tratar cada homem segundo seu merecimento”, ninguém escaparia do açoite, a internet provou estas verdades e mostrou um caminho de liberdade e transparência: “o rei está nu!”. Os líderes não serão mais endeusados. A biologia comportamental vai revelar com mais acuidade nossos comportamentos, e testá-los. O desenvolvimento da percepção poderá ser acentuado estruturando as bases do ensino do autoconhecimento. Um foco no conhecimento das ações dos grandes líderes, apoiado e trabalhado com a experiência individual, pode dinamizar a gestão que cada um de nós faz na própria vida, com reflexos nas organizações e na sociedade.
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