Autor: Inimá Souza*

Vinho, Gente, Coisas e Adjacências

Afinal, é a França, país do vinho – e lá está uma miríade deles: brancos suaves, doces, secos, espumantes, tintos dos mais variados caracteres e expressões, rosés plenos de fruta; e nesse universo de tantos e tantos vinhos, muitos néctares com sabores e aromas incomparáveis; legítimas referências mundiais. 

Essa boa reputação dos vinhos franceses vem de longe, é secular, já lá na desintegração do Império Romano, quando merovíngios, carolíngios, capitaneados por Carlos Magno, estimularam o cultivo da uva, notadamente na região da Borgonha. Contudo, afirma-se que o papel mais importante nesse desenvolvimento, credita-se aos mosteiros medievais.

Com os tempos, a França, em termos de vinho, torna-se um país de regiões, de locais ou terroirs (combinação dos fatores ambientais e físicos de um vinhedo) – e, assim, criou uma cartilha, adotada universalmente, na qual mostra que toda videira tem a sua própria identidade.

É consenso que o vinho moderno tem a cara de Bordeaux; e por razões que todos conhecem: o famoso corte bordalês (copiado em todo o mundo) – Cabernet Sauvignon, alternando-se com Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec -, barricas pequenas (225 litros) de carvalho tostado, universalmente adotadas; a mistura de uvas diferentes, a que se chama de assemblage, blend ou corte. 

E Champagne! Pode, sim, dispensar comentários, pois é um vinho que não tem semelhança com nenhum outro. A região de Champagne é única, e está ali a 150 km de Paris. Lá, também se produz vinhos tranquilos brancos (uva Chardonnay) e tintos (uvas Pinot Noir e Pinot Meunier), sob a Denominação de Origem Controlada Coteaux Champenois.

O mapa vinícola é extenso e convidativo: Rhône – depois de Bordeaux, a mais extensa região vinícola francesa. Encostas reluzentes e quentes, e vinhos memoráveis (Crozes-Hermitage, Condrieu, Côte Rôtie, Hermitage, Cornas, ao Norte; Tavel, Châteauneuf-Du-Pape, Lirac e Gigondas, ao Sul).

Languedoc-Roussillon – situada mais ao sul, na divisa com a Espanha, é a região para quem aprecia os vinhos com a denominação “Vins de Pays”, cuja produção majoritária sai da região.

Loire – ao lado da extensão da área cultivada, destaca-se pela diversidade dos vinhos que produz: brancos secos, doces, rosés destacados, tintos de variados perfis. Os vinhedos quase entram pelos históricos e múltiplos castelos.

Alsácia – quer degustar o aromático Gewurztraminer? O local é aqui. Ao exemplo do Novo Mundo, os rótulos dos vinhos trazem o nome da uva. A região é um oásis para os vinhos de colheita tardia.   

Provence – se Tavel é sinônimo dos grandes rosés, a Provence tem na quantidade a primazia quando se fala de vinhos rosés.

Enfim, com ou sem Olimpíadas, o francês, religiosamente, não se afasta de uma taça de vinho, faça sol ou chova; e isto vale para todas as classes sociais, nas cidades ou nos campos. E, agora, em Paris, à direita ou à esquerda do Sena. Santé!

Tim, tim. 

*(inima.souza@gmail.com)

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