Opinião

O pai da bomba atômica e seus efeitos

O pai da bomba atômica e seus efeitos

Jayme Vita Roso*

Moveu-me escrever algumas observações sobre o grande lançamento do filme sobre Oppenheimer de cuja vida e atuação tenho lembranças, não só dele, mas dos que lhe antecederam ou foram contemporâneos ou se manifestaram como cientistas na trajetória da construção e utilização da bomba atômica, “experimentalmente” como testes.

Que eu saiba, Oppenheimer quase que implorou ao então presidente Truman dos Estados Unidos, ao conhecer o destino daquilo que havia colaborado, que não fosse utilizado. 

Eu aqui encerro. todos os envolvidos – Esintein, Goelde, Feyrman e Oppenheimer – nasceram judeus. E recordo Samuel Belkin, autor da clássica obra A Filosofia do Talmud – “O caráter sagrado da vida humana na Teocracia Democrática Judaica” (Exodus e Seler, 2003, p. 265): amor ao homem: A Grande Regra da Torá – o dever de amar ao próximo está nitidamente estabelecido no Levítico 19:18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Nossos Sábios escolheram usar a negativa ao invés da afirmativa em sua explicação do dever de amar o seu semelhante. Assim, no clássico exemplo em que um estrangeiro pediu a Hilel que lhe ensinasse toda a Torá enquanto estivesse apoiado em um pé só, Hilel ensinou: “Tudo o que for odioso, não faças ao teu próximo”. Isto implica que tudo o que a Torá exige do homem para cumprir a obrigação de amar ao próximo, é que ele não faça nada de prejudicial aos outros”.

Então Oppenheimer carregou até o seu último suspiro o que lhe foi apodado de “Pai da Bomba Atômica”.

Nesse prelúdio não seria e nem poderia ser loquaz e muito menos não teria falta de concisão, porque assim foi exigido, se atentarmos com cuidado aquilo que manda a Torá.

Assim, explico sem ter prometido. O que escreverei agora, para muitos que talvez chegue até este trecho poderá parecer uma ousadia ou um destaque de minha convicção sobre a política norte-americana e alguns dos seus efeitos. Mas ressalto a importância do Secretário de Estado Marshall que deu o nome popular para o Programa de Recuperação da Europa, considerando um esquema de larga escala, tudo como meio termo de ajuda para tentar recuperar a Europa devastada (em 1947, mas rejeitado pela então União Soviética).

Agora coloca o Presidente Truman nesta história. Ele foi eleito vice-presidente dos Estados Unidos com Roosevelt e se tornou presidente com a morte deste último. Mais ainda: foi reeleito em 1948 e pertencia do partido Democrático como também, posteriormente, Obama e Biden.

Vindo de um estado sem expressão política ou econômica (Missouri) do Sul, historicamente já carrega aquilo que é lembrado como compromisso de Missouri (Missouri Compromise – 1820), ou seja, um acordo que o admitiu como Estado Escravagista juntamente com o Estado de Maine.

Com esse espírito, da sua origem, extremamente conservadora no sentido mais prometeico, recusou o pedido de Oppenheimer e autorizou os lançamentos das duas bombas atômicas em Nagasaki e Hiroshima, com muito tempo para refletir sobre os efeitos comprovados e trágicos e desumanos desta atitude que o marca com o pior estigma possível como ser humano, apesar que se apresentava como Cristão Evangélico e protestante! Duvido, não acredito, recuso que Truman não passasse, como penso, um pianista que apreciava as valsas que os compositores ofereciam e ele as dedilhava: como vingar Pearl Harbor por décadas: então, as duas bombas atômicas num espaço de tempo que, se religioso fosse, jamais, em tempo algum, autorizaria a segunda!

*Advogado, ambientalista e escritor –  vitaroso@vitaroso.com.br

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