Autor: Carlos Alberto Teixeira de Oliveira
Presidente/Editor Geral de MercadoComum
Pragmático, coerente e com excepcional faro político, enxergava essa atividade por todo os lados e dizia que a sua vida era, basicamente, fazer política. No mundo particular, um exímio negociador, detendo apurada visão econômica e de oportunidades. Na administração pública, tocador de obras – um trator e administrador eficiente. Era fã de JK, de Napoleão Bonaparte, Abraham Lincoln e de Winston Churchill. Conhecia muito sobre o dramaturgo e poeta inglês Willian Shakeaspeare e, às vezes, principalmente em encontros com figuras internacionais, ousava recitar várias estrofes e alguns trechos de seus livros em inglês e, até mesmo, em francês. Amava um bom charuto cubano e apreciava um bom vinho francês, um whisky inglês 15 anos e, principalmente, uma boa cachacinha. Na sua fazenda Rio Rancho, em Pitangui-MG, colecionava carros antigo, tinha um zoológico, criava gado e produzia cachaça. Nos últimos anos, produzia a “Bolsonaro”, criada em homenagem ao ex-presidente – de quem foi colega na Câmara dos Deputados e mantinha uma boa convivência. Chegou a enviar a ele algumas caixas especiais da mesma. Colecionava também canetas a tinta. Calçava sapatos 45 e se vestia com muita elegância e sempre de maneira impecável. Os ternos eram feitos sob medida e as camisas sempre engomadas.
Tive o prazer de recebê-lo, em diversas ocasiões, na sede de MercadoComum e trocávamos constantemente mensagens via Whatsapp e falávamos, rotineiramente, por telefone. Quando tinha alguma dúvida em relação a assuntos econômicos sempre me ligava, expressava as suas opiniões e comentários e discutíamos, às vezes demoradamente. Era um expert na análise das contas públicas e dizia que o governo tinha de economizar, gastar apenas o necessário, para sobrar recursos destinados a investimentos produtivos. Sempre citava JK como exemplo do que precisava ser feito em termos da administração pública.
Newton Cardoso faleceu aos 86 anos, na madrugada do dia 2 de fevereiro, em Belo Horizonte-MG. Ele estava internado em um hospital da capital mineira desde 31 de janeiro, conforme informações da família. O ex-governador, nascido em Brumado, no Sul da Bahia, era separado e deixa quatro filhos. A causa da morte foi a falência múltipla de órgãos, que pode ter sido provocada por um câncer.
Trajetória
Filho de Ápio Cardoso da Paixão e de Adélia da Silva Cardoso, Newton fez parte de uma família de 15 filhos.
Concluiu o curso científico no colégio Anchieta, em Belo Horizonte, em 1959. Iniciou e não concluiu o curso de Sociologia, Política e Administração Pública na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ingressou, a seguir, na Faculdade de Direito da então Universidade Católica de Minas Gerais (UC-MG), pela qual se bacharelou em 1966. À ocasião, Newton adquiriu a cantina da UC-MG, tendo-a doado à universidade enquanto ainda era estudante.
Chegou a Belo Horizonte com a idade de 16 anos para trabalhar na Magnesita S.A., indústria sediada em Brumado, e com fábrica em Contagem, Minas Gerais.
Movimento Estudantil
Exerceu o cargo de tesoureiro da União Colegial de Minas Gerais (1958) durante a Presidência de Washington Nogueira de Oliveira, fundou a Casa do Estudante de Minas Gerais (“Mofuce”), e presidiu o Grêmio General Sampaio (1959), quando era aluno do Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR).
Aluno da UFMG, ocupou o cargo de diretor social do Diretório Central dos Estudantes (DCE), onde dirigiu a revista Mosaico. Ingressou na política filiando-se ao Partido Republicano (PR), cujo Movimento Estudantil e Trabalhista presidiu. Conviveu com figuras proeminentes do partido, como Artur Bernardes Filho, Clóvis Salgado da Gama e Tristão da Cunha. Desligou–se do PR quando este, na convenção que se realizou no Rio de Janeiro para a escolha do candidato à Presidência da República, decidiu apoiar a candidatura de Jânio da Silva Quadros.

Estabeleceu-se como comerciante e industrial, atuando, principalmente, nos ramos de alimentação, vendas de eletrodomésticos, mercado mobiliário e imobiliário. Promulgado o AI-2 (outubro de 1965), que implantou o bipartidarismo no país, Newton Cardoso filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição, tendo sido um de seus fundadores, e ali chegou a exercer o cargo de tesoureiro do diretório municipal. Em 1966, candidato a deputado estadual, alcançou a segunda suplência.
Conhecido nacionalmente como “Newtão”, e em Minas como “Trator”, o ex-governador comandou Minas Gerais entre os anos de 1987 a 1991, ganhou os apelidos pela corpulência e pelo estilo político, que lhe garantiu, além da eleição para o Palácio da Liberdade, três mandatos como prefeito de Contagem, na Grande Belo Horizonte, e dois outros para deputado federal.
Newton Cardoso foi ainda vice-governador, entre 1999 e 2002, durante o mandato de Itamar Franco (1930-2011). Além de político, era empresário dos setores agropecuário e siderúrgico. Esteve casado com Maria Lúcia Cardoso, prefeita reeleita da cidade de Pitangui, na região Centro-Oeste de Minas, e ex-deputada federal, de quem se separou em 2008, após 30 anos de união.
O ex-governador foi um dos fundadores do MDB, em 1966, legenda que virou PMDB em 1980 e, em 2024, voltou a se chamar MDB. Cardoso esteve na agremiação desde a sua fundação tendo permanecido no partido até o fim de sua carreira política desde que se filiou. Depois do seu mandato como vice-governador, em 2002, passou a se concentrar na administração de suas empresas, mas jamais desviou os olhares do mundo político – principalmente à sua volta, elegendo o seu filho Newton Cardoso Jr. – 45 anos, como deputado federal e seu sucessor político. Newtinho, como é conhecido, preside o MDB mineiro.
Atuação como governador de Minas Gerais
Aproximando-se o término do seu segundo mandato na prefeitura de Contagem, Newtoin lançou-se candidato ao governo de Minas. À medida, porém, que se aproximava a convenção do PMDB, quatro nomes se apresentaram, postulando a indicação do partido. Foram eles: Carlos Alberto Cotta, Leopoldo Pacheco Bessone, Ronan Tito de Almeida e João Pimenta da Veiga Filho. Este último, porta-voz da chamada “ala progressista”, era o único em condições de enfrentá-lo pelo voto. Às vésperas da convenção, entretanto, o governador Hélio Garcia indicou o presidente regional do PMDB, Joaquim de Melo Freire, como seu candidato. Poucas horas após a indicação, Melo Freire renunciou à candidatura. Discreta, a articulação política foi suficiente, no entanto, para fazer de Newton Cardoso, que pregava a não-descentralização do partido, candidato oficial do PMDB.
Uma intensa maratona de comícios, carreatas e debates levou Newton Cardoso a percorrer todo o estado, ao lado de sua candidata a vice-governadora, Júnia Marise. Ulisses Guimarães participou de alguns eventos em Minas Gerais, como o comício da Praça da Liberdade, em 1 de novembro de 1986. A campanha também contou com a presença de Risoleta Neves, viúva de Tancredo, em alguns comícios, como no ocorrido em Divinópolis, em 8 de novembro de 1986. E em São João del Rei, no dia 10 de novembro de 1986, Risoleta declarou o apoio da família Neves a Newton Cardoso.
Seu nome apareceu diversas vezes como um dos possíveis presidenciáveis nas eleições que se aproximavam, a primeira eleição após a redemocratização brasileira. Sua atuação nos bastidores e interlocuções políticas, inclusive, foi fundamental para que o mandato do então presidente José Sarney pudesse se estender de quatro para cinco anos, garantindo tranquilidade na transição para a abertura democrática. Em uma entrevista para a revista Istoé, em 20 de junho de 1988, Newton afastou os temores de um novo golpe, em virtude da abertura democrática que se avizinhava e do impasse constitucional que envolvia a duração do mandato presidencial, afirmando: “Eu garanto as eleições de 89”.
Newton assumiu o governo de Minas com um plano que batizou Programa de Metas. De acordo com o Plano de Newton, dois terços dos investimentos do estado seriam aplicados em educação, saúde, saneamento, alimentação e desenvolvimento urbano. O apelido de “trator” – uma referência ao grande número de obras empenhadas durante o governo de Newton à frente do estado e ao estilo “duro” de Newton – remonta a essa época.
Newton encontrou o aparato estatal absolutamente comprometido com o pagamento do funcionalismo: 113% do orçamento eram direcionados à folha dos funcionários de Minas. Sendo assim, um dos primeiros atos de Newton Cardoso como governador foi a exoneração de mais de trinta mil funcionários fantasmas.
Cardoso também ajustou as contas do estado, gerando superávit primário no caixa estadual. Boa parte dessas empresas gerava prejuízos aos cofres públicos, como os cinco bancos estaduais mineiros: o Agrimisa, o BEMGE, o BDMG, o Credireal e a MinasCaixa. Em seu governo, Newton privatizou o banco Agrimisa.
No bojo das medidas que hoje seriam facilmente chamadas de “choque de gestão“, a venda de cerca de 1.500 veículos de propriedade do governo, para que mais de 500 ambulâncias fossem compradas com a verba da venda dos carros.
Newton adotou também o Regime Jurídico Único, que possibilitou aos celetistas (regidos pela CLT) ter os mesmos direitos que os estatutários. Também, via Plano de Revisão de Proventos dos Serviços Públicos, beneficiou mais de 40 mil aposentados do quadro do magistério.
14.12.1988 – Inauguração do BDMG Cultural: Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, presidente do BDMG, Newton Cardoso e o ministro da Cultura José Aparecido de Oliveira
Implementou a UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais, criada pela Constituição Estadual de 1989. Durante o seu governo o BDMG lançou o PRONEVALE – destinado ao Vale do Jequitinhonha, implantou o PRODECER II-Programa de Desenvolvimento do Cerrado e o PROFLORESTA – programa pioneiro do Banco Mundial destinado ao meio-ambiente.
Em quatro anos de gestão, construiu cerca de 6.000 km de estradas, 5 km de pontes e viadutos, 267 terminais rodoviários, 14 aeroportos e a “Trincheira” de Contagem. Implantou o Projeto “Com-Luz”, que beneficiou 65 mil moradores de comunidades carentes, do Projeto “Clarear”, que atendeu a 75 mil pessoas em Belo Horizonte, do Projeto “Iluminas”, de eletrificação rural, e do “BID III-Minas Luz”, que beneficiou mais de cinco milhões de pessoas. Entre 1987 e 1991, foram construídas mais de 100 mil moradias para famílias carentes no estado. Somente em BH quase cinco mil casas foram construídas, dotadas de rede de esgoto, água e iluminação, com lâmpadas de vapor de sódio – o Programa “BH-90”. Newton também deu andamento a obras de saneamento básico no Jequitinhonha, para perenização dos rios da região – destaque para a Usina Hidrelétrica de Nova Ponte. A seguir, a relação das principais barragens construídas durante seu governo.
- Bananal, no município de Salinas: irrigou 670 hectares e beneficiou 8.500 pessoas
- Salinas: atingiu área de 2.220 hectares e beneficiou 27 mil pessoas;
- Setúbal, no município de Minas Novas: atingiu área de 5.150 hectares, com potencial de 3.500 kw;
- Calhauzinho, em Araçuaí: irrigou 930 hectares, com geração de 410 kw, e beneficiou 11.600 pessoas;
- Samambaia, em Águas Vermelhas: atingiu área de 700 hectares, com potencial de 200 kw; beneficiou 8.500 pessoas;
- Mosquito, em Porteirinha: 260 hectares irrigados e 3.500 pessoas beneficiadas;
- Caraíbas, entre Salinas e Rubelita: beneficiou 3.200 pessoas, irrigando 250 hectares e gerando 70 kw.
Foram recuperadas 124 escolas da rede pública estadual e construídas 14 em diversos bairros de BH. Além disso, o governo Newton criou o Centro de Pesquisa Ensino/Instituto Técnico de Agropecuária e Cooperativismo (Cepe/Itac), na Fazenda Experimental de Pitangui, voltado para a formação de técnicos de agropecuária, para receber alunos do primeiro e do segundo graus.
Ampliou, reformou e construiu hospitais e postos de saúde. O Hospital São José foi reaberto em fins de 1990; o Hospital Pronto-Socorro João XXIII também foi um dos contemplados, com reforma e aquisição de novos equipamentos; igualmente, os hospitais Raul Soares, Galba Veloso, Amélia Lins e Eduardo de Menezes também foram beneficiados.
Era um ardoroso defensor da preservação e do apoio do meio-ambiente sendo um de seus pioneiros tendo, inclusive, fechado a fábrica de cimento Itaú, em Contagem-MG., à época em que era prefeito do município.
Recuperou o acervo arquitetônico da cidade do Serro, e também os prédios das secretarias de Cultura, Obras, Educação e Fazenda, na Praça da Liberdade, e o Terminal Turístico JK.
Sua administração enfrentou ruidosa oposição comandada pelo jornal Estado de Minas, órgão dos Diários Associados, que nunca deixou de acusá-lo de favorecimento pessoal no uso de cargo público. Por três vezes, a Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais examinou e rejeitou pedidos de impeachment do governador por crime de responsabilidade, baseado em improbidade administrativa. Porém, todas as denúncias não se comprovaram. Newton Cardoso nunca foi condenado pela justiça por nenhum ato ofensivo à administração pública.
O governo Newton ainda enfrentou uma tentativa de emancipação do Triângulo Mineiro, ao que o governador prontamente debelou, em defesa da manutenção do território mineiro e, para isso, contou com a defesa e articulação da valorosa contribuição da ACMinas – Associação Comercial e Empresarial de Minas.
Manifestações
O governador Romeu Zema decretou luto oficial de três dias, após comentar a morte de Cardoso nas redes sociais. “Minas Gerais se despede com pesar de Newton Cardoso, ex-governador que deixou sua marca na política. Sua trajetória, iniciada ainda na juventude, sempre foi marcada pelo diálogo, carisma e resiliência. Nossa solidariedade à família e aos amigos neste momento difícil”, disse Zema.
O presidente Lula também foi às redes sociais falar sobre a morte do político. “Recebi com pesar a notícia da morte de Newton Cardoso, aos 86 anos. O advogado e empresário ajudou a fundar o MDB de Minas Gerais e foi um importante opositor da ditadura, tendo sido eleito deputado federal, prefeito mais de uma vez de Contagem e governador do Estado. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, disse o presidente.
Mateus Simões (Novo), vice do governador Romeu Zema (Novo), publicou em suas redes sociais, uma mensagem lamentando a morte de Newton Cardoso: “Recebo com pesar a notícia do falecimento do ex-governador Newton Cardoso, figura histórica e marcante na política de Minas Gerais. Sua trajetória deixou marcas em todo o estado. Meus sentimentos à família e amigos”, escreveu em sua conta do X”.
O ex-governador de Minas Fernando Pimentel também se manifestou e declarou: “O ex-governador Newton Cardoso nos deixa, após uma vida longa e plena de realizações. Fundador e militante histórico do MDB, sempre marchou ao lado do campo democrático. Resistiu à ditadura, desde a prefeitura de Contagem, no tempo mais obscuro e perigoso do regime militar”, disse Pimentel, na nota.
O petista disse ainda que sempre manteve relações cordiais e amistosas com Cardoso. “Mesmo quando, ocasionalmente, caminhamos em campanhas divergentes. Meus sinceros sentimentos à família, em especial ao amigo (deputado federal) Newton Cardoso Jr”.
Na campanha eleitoral de 2006, o PT se coligou ao PMDB de Newton Cardoso para a disputa pelo governo de Minas Gerais, tendo Nilmário Miranda como candidato ao Palácio da Liberdade e Zaire Rezende (PMDB), como vice. Cardoso foi candidato ao Senado e teve a campanha boicotada pelo PT. O vencedor da disputa para o cargo pretendido pelo ex-governador foi Eliseu Resende (1929-2011).
Já o deputado federal Hugo Motta, presidente da Câmara, declarou: “Recebi com tristeza a notícia do falecimento do ex-governador e ex-deputado federal Newton Cardoso. Tive a honra de servir na Câmara na mesma legislatura que ele.”
Baleia Rossi, presidente nacional do MDB, disse que “o MDB está em luto, perdemos um grande líder. Newton Cardoso foi fundador do PMDB, hoje MDB, e tem um legado que vai ser lembrado sempre”.
O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Tadeu Leite afirmou que “Newton Cardoso era um democrata que dedicou sua vida ao Estado de Minas Gerais. Registro aqui o reconhecimento deste Parlamento à sua relevância histórica.”.
Funerais de Chefe de Estado
Os funerais de Newton Cardoso ocorreram no dia 3 de fevereiro, no salão de entrada do Palácio da Liberdade, de onde ele governou durante os quatro anos como governador de Minas Gerais e reuniu dezenas de familiares, empresários, amigos e figuras políticas. Durante todo o dia, o seu corpo foi velado em cerimônia aberta ao público, e levado para cremação no Parque Renascer, em Contagem, na Grande BH. Enormes filas se foram para a sua despedida e centenas de coroas de flores foram enviadas para a cerimônia.
A cerimônia começou ainda pela manhã, reservada aos familiares e, posteriormente, foi aberta ao público. A despedida incluiu honras militares, com a participação de uma guarda composta pelos Dragões da Independência posicionada na entrada do prédio.
Em pronunciamento à imprensa durante o velório, o atual governador de Minas Romeu Zema exaltou o trabalho de Newton Cardoso:
“Vim aqui prestar minha solidariedade à família do ex-governador Newton Cardoso, que esteve à frente do Estado no final dos anos 1980, num período em que o Brasil ainda estava se redemocratizando, em que o Brasil estava fazendo a nova Constituição, e ele cumpriu bem o seu papel, deixou um legado para Minas Gerais, declarou Zema.”
O corpo de Newton Cardoso chegou e saiu do Palácio da Liberdade em caminhão do Corpo de Bombeiros. (Fonte: O Tempo, Diário do Comércio, G1, Wikipedia)
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