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Má vontade

Por: Kiko Ferreira

 

Continua sendo difícil fazer as coisas sem Belo Horizonte. Depois de trazer para a cidade o que talvez tenha sido o maior mega show de sua história, a produtora Nó de Rosa foi bombardeada por boa parte da imprensa (principalmente algumas rádios all news) e pelas redes sociais, pelos problemas de logística e de produção que cercaram o show. Um superdimensionamento das dificuldades e um destaque menor do que o merecido à qualidade do show de Paul McCartney.

Basta acompanhar a cobertura que a imprensa das outras capitais e, principalmente, de outros países, dão a eventos deste porte para entender este prazer quase masoquista que muitos mineiros ostentam de reduzir qualquer produção de grande porte a seus problemas.

É preciso detectar e sanar as dificuldades. Mas reduzir um espetáculo inesquecível a suas dificuldades, é posição provinciana.

Os mesmo críticos que vão a shows em Rio e São Paulo e enfrentam problemas semelhantes, minimizam as dificuldades e focam na música e sua qualidade.

 

Woodstock não é aqui

Certamente, se o festival de Woodstock tivesse acontecido em Minas Gerais, não passaria à história como evento fundamental para a história da música e do rock, mas como uma sucessão de engarrafamentos, escorregões na lama, falta de alimentos e de segurança, com os paladinos do conforto e da normalidade espumando pelos cantos da boca.

Quem acha exagero, basta procurar os filmes sobre Woodstock para entender o raciocínio.

 

Pathé e coliseu

Foi por este tipo de atitude que o Cine Pathé, o mais importante cinema de arte da cidade, virou estacionamento. O cinema cerrou as portas por absoluta falta de espectadores, que reclamavam de suas cadeiras de madeira e outros desconfortos.

Após o fechamento, foi objeto de movimento popular com número de manifestantes capaz de lotar a casa por meses. E evitar seu fechamento.

O projeto Coliseu, o Circo da Pampulha, que foi inaugurado com show de Chico Buarque e poderia ter sido nosso Circo Voador, também não durou muito, pois era “muito longe”, na Pampulha. E desconfortável, pois era um circo, com arquibancadas… de circo.

E há muitos outros exemplos. Quem acompanha o movimento cultural da cidade certamente se lembra dos problemas de sobrevivência de casas como Lapa, Music Hall, Olympia e tantos outros.

Como diz o carioca: “Vocês vão ver na Copa!”.

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