Detentores de maiores reservas, Chile e Argentina são obrigados a suspender ou adiar projetos
A derrocada de mais de 80% no preço do lítio nos últimos dois anos, passando de US$ 70 mil para US$ 10 mil a tonelada, trouxe graves consequências na América Latina. Penaliza tanto empresas privadas que produzem o mineral quanto cofres públicos, que recebem menos recursos das mineradoras pelo pagamento de impostos e royalties da mineração.
Chile e Argentina são os dois países que mais possuem reservas e produzem na AL. O mesmo não acontece na Bolívia, que possui recursos minerais, mas não está extraindo no momento.
No Chile, o lítio é extraído por duas grandes empresas privadas que operam no deserto do Atacama: a SQM e a Albemarle. Elas extraem, processam e vendem o metal em terrenos pertencentes ao Estado.
O governo “aluga a propriedade mineradora”, no caso o deserto do Atacama, uma das melhores jazidas de lítio do mundo, considerando a qualidade do produto e os baixos custos de produção. Em troca, as empresas pagam para ter o direito de comercializar o recurso mineral.
A tributação imposta às duas companhias depende muito dos níveis de preço do lítio. É uma estrutura escalonada: quanto mais o preço subir, maior é o pagamento de impostos e royalties.
Por isso, como o preço despencou nos últimos dois anos, a receita fiscal também diminuiu, como explica o acadêmico Emilio Castillo, do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade do Chile. Precisamos nos acostumar com os ciclos de preços, o que é normal nos mercados de minerais”, afirma Emilio Castillo.
“Nós nos concentramos muito nos movimentos de curto prazo, mas precisamos pensar em um horizonte de 10, 20 ou 30 anos”, aconselha. Ele não vislumbra o retorno aos US$ 70 mil por tonelada”, completa ele. “Foi algo extraordinário”, qualifica Castilho.
Contudo, como a maior parte do lítio produzido tem como destino a produção de carros elétricos e as estimativas internacionais indicam que essa indústria seguirá se expandindo, espera-se que a demanda pelo mineral continue aumentando, o que pode elevar novamente os preços.
O que não se sabe é quais empresas vão conseguir sobreviver às temporadas de preços baixos, especialmente nas jazidas com custos de produção mais altos.
As diferentes projeções indicam que, nos próximos dois anos, o preço do carbonato de lítio pode aumentar para cerca de US$ 16 mil a tonelada e que, perto de 2030, poderá atingir US$ 18 mil.
Argentina
Enquanto os efeitos da queda dos preços do lítio prejudicam as finanças das duas grandes empresas que operam no deserto do Atacama e os cofres públicos do Chile, os efeitos negativos na Argentina aparentemente são muito maiores. Isso se deve à grande expectativa que existia sobre o desenvolvimento de novos projetos.
O país vinha avançando a toda velocidade para aumentar a produção de lítio, acreditando que o preço se manteria em níveis altos. Porém, a queda nos valores “tiveram impacto muito significativo” na Argentina, segundo o sócio da empresa de assessoria ao comércio e investimentos Quipu, Shunko Rojas.
Ele explica que pequenos projetos que estavam em desenvolvimento enfrentaram dificuldades financeiras e as empresas foram obrigadas a suspender algumas operações ou postergar os prazos previstos para o início da produção.
Entre as que anunciaram algum tipo de revisão em seus planos originais, destacam-se a Argosy Minerals, Galan Lithium, Lake Resources e a Arcadium, entre outras.
Em meados de setembro, a imprensa argentina informou que, devido à queda dos preços do lítio, a Arcadium cancelou dois créditos internacionais, em um valor total de cerca de US$ 180 milhões, obtidos de organismos multilaterais. Por outro lado, a empresa desacelerou seu plano de expansão do chamado projeto Fênix, na principal mina de lítio do país.
Apesar das dificuldades, a Río Tinto comprou recentemente a Arcadium, num sinal de que a empresa “observa possibilidades de longo prazo e quer aproveitar a oportunidade”, destaca Castillo.
Os especialistas destacam que a oferta e a demanda não são os únicos fatores que interferem no preço do lítio.
Por um lado, os Estados Unidos e a Europa olham para a América do Sul como um parceiro importante na sua cadeia de fornecimento para a fabricação de carros elétricos. Por outro, a China, como o maior fabricante de veículos elétricos e o maior mercado do mundo, também precisa garantir as matérias-primas necessárias para continuar desenvolvendo seus negócios.
Tudo isso, ante um cenário de incerteza sobre as novas políticas tributárias e incentivos para a produção de veículos elétricos que cada país poderá criar nos próximos anos. Fonte: BBC Brasil.
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