O desafio do investidor continua o mesmo diante das incertezas do combate à inflação pelo governo ao se aproximar o término do primeiro semestre de 2013 e do fraco desempenho do mercado acionário no primeiro trimestre. O índice das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo/BM&F, o Ibovespa, recuou 7,5% no primeiro trimestre, e as expectativas de recuperação do mercado acionário não são boas.
Investidores de todos os portes são obrigados a analisar com o maior cuidado em quais ativos consideram possível aplicar o dinheiro por determinado prazo e conseguirem superar a inflação próxima do teto da meta de 6,5% ao ano fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Caderneta de poupança, CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), fundos de investimentos financeiros, fundos imobiliários e títulos públicos do Tesouro Nacional são algumas das opções que oferecem maior segurança, mas com a expectativa do alcance de rentabilidade próxima da inflação.
No primeiro trimestre, os principais ativos de renda fixa pagaram taxas líquidas inferiores à inflação. Pelos cálculos do economista Marcelo d´Agosto, colunista do Valor Econômico, a rentabilidade dos principais ativos de renda fixa atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) foi de um a dois pontos percentuais inferior à inflação entre outubro de 2012 e março de 2013.
Fundos cambiais (rentabilidade atrelada ao dólar comercial) e ouro conseguem superar a inflação somente em períodos de grande insegurança na economia. No acumulado do ano, até o início de abril passado, o dólar comercial recuava 1,2%, e o ouro negociado como ativo financeiro na BM&F caia 8,2%. Ao apostar que o dólar termine o ano próximo de R$ 2,00, o mercado desestimula a aplicação em fundo cambial.
Com risco moderado ou elevado, no mercado acionário o investidor tem condições de obter rentabilidade dependendo da ação escolhida, do prazo da aplicação e principalmente do comportamento da bolsa de valores.
Influência de Dilma
O posicionamento de quatro grandes atores influencia a rentabilidade dos ativos. O Banco Central (BC) procura demonstrar que está atento e pode utilizar os instrumentos clássicos de política monetária para conter a inflação. O reajuste da taxa Selic (juros básicos da economia) é o que gera mais expectativa.
O segundo grande ator, o Ministério da Fazenda, no atual governo adota posição mais instável, pois admite a alta dos juros e medidas de controle do câmbio para conter a inflação, e em alguns momentos prioriza o crescimento da economia e a manutenção do nível de emprego.
A presidente Dilma Roussef, que exerce a maior influência nesse processo, mesmo que negue, procura influenciar com seu pensamento o BC e todos os ministérios. Em Durban, na África do Sul, ela chegou a assustar o mercado em março passado, ao dizer que não gostaria de conter a inflação à custa do desemprego e do baixo crescimento econômico. Em seguida, ela desmentiu que não priorize o combate à inflação, mas os analistas do pensamento da Presidente acham que a sua primeira declaração é a mais sincera.
Na prática, após conseguir influenciar o recuo dos juros dos empréstimos bancários, o governo conteve um pouco a oferta exagerada de crédito pelo Banco do Brasil e Caixa. Menor oferta de crédito limita o consumo de bens de maior valor.
O reajuste expressivo da taxa Selic continua condicionado ao comportamento da inflação. O conjunto dos participantes (players) do mercado financeiro, que constituem o quarto grande ator, aposta em taxa Selic de 8,5% ao ano no final de 2013 para conter a alta generalizada dos preços que atinge 75% dos artigos pesquisados no cálculo do IBGE, e ao mesmo tempo permitir crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na faixa de 3% neste ano.
Falta de opção
Sem maior conhecimento dos fatores econômicos e outras opções, o pequeno investidor preocupa-se pouco com o gerenciamento da política monetária, inflação e câmbio. A prova desse comportamento ocorreu novamente em março, com as cadernetas de poupança que oferecem 0,5% líquidos ao mês na modalidade antiga e 0,41% (ou 75% da taxa Selic mensal) ao mês na modalidade nova. A captação líquida da poupança (depósitos menos saques) atingiu R$ 5,9 bilhões, o maior valor mensal desde que esse cálculo começou em 1995.
No primeiro trimestre deste ano, a poupança captou R$ 10,6 bilhões ou 397% a mais que o total do mesmo período do ano passado. A rentabilidade baixa ou negativa (abaixo da inflação) da poupança no período não estimulou o direcionamento dos recursos para o consumo.
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