Há razões para pessimismo, mas o caminho do futuro do Brasil está aberto para nós

Roberto Brant*

Para quem acredita que a história está sujeita a qualquer tipo de determinismo, tal como foi a moda entre as elites intelectuais durante o século XX, ou que o futuro é apenas uma extensão do presente, há razões para pessimismo em relação ao nosso país. Da virada do século até agora quase nada melhorou no Brasil. Nossa renda por habitante está praticamente estagnada, há um visível encolhimento da classe média, aumentou na população a percepção de corrupção e de insegurança e a confiança do povo nas instituições está em seu momento mais crítico. Se o presente durasse para sempre estaríamos perdidos.

Como cidadão e como político nunca deixei de pensar no meu país com paixão e com esperança, sentimentos comuns a muitos de nós que remanescemos da geração dos anos JK. Nós nos tornamos homens e mulheres num momento em que era razoável acreditar que para o Brasil o céu era o limite. O país era pobre, certamente mais pobre do que hoje, mas tinha uma riqueza única: muita gente sonhando. Há quem diga que os sonhos são a maior riqueza do homem. Minha impressão é que os sonhos estão em falta na vida do país, e esta é hoje nossa maior fraqueza.

É uma tarefa complexa compreender completamente por que o Brasil se encontra no presente estado. No entanto, nem todos pensam assim. Os dois grandes polos políticos do país são liderados por gente com uma visão muito simplificada do mundo moderno, mais empenhados em aumentar e fortalecer suas militâncias do que em propriamente articular um projeto para o Brasil do século XXI. Ambos os grupos dominantes da política brasileira, comandados por Bolsonaro e Lula, travam uma luta por ideias que já estão mortas há muito tempo.

  Eles tem propostas impossíveis de volta a um mundo que já não existe. Um quer reconstituir o Brasil do regime militar, nascido pela força há 60 anos e encerrado melancolicamente há 40 anos. O outro quer reconstruir o Brasil com o manual de instruções da esquerda latino-americana dos anos 1950 e 1960. Como duas ideologias reacionárias e extemporâneas podem dominar o debate político na era da inteligência artificial em nosso país, já tão modernizado em muitos aspectos, é algo que intriga e nos desafia.

Na política quando o centro não se sustenta e esmorece está aberto o caminho para a crise e o fracasso. As teorias dos cientistas políticos mundo afora atribuem à qualidade das instituições o destino das nações. Em grande parte, estão próximos da realidade, mas será sempre um erro subestimar o papel que as lideranças políticas desempenham. Hoje, mais do que nunca, quando o caos informacional produz sociedades muito desintegradas, um líder capaz de oferecer um rumo e de facilitar a coesão social, pairando acima dos conflitos morais e culturais, pode mudar o destino de uma nação.

O despreparo, a mediocridade e a falta de grandeza dos três últimos presidentes eleitos no Brasil, são parte da resposta pelo estado em que se encontra nosso grande país e para a falta de perspectivas em que nos encontramos. Todos foram escolhidos livremente pelo povo, aos quais nosso sistema político não foi capaz de oferecer outras opções viáveis. Dilma Roussef, Jair Bolsonaro e Lula 3 (o Lula de 2003-2006 é certamente uma outra história, um outro momento) são personagens menores do que o país e principalmente menores do que seus problemas. 

Um grande pensador de nosso tempo, Karl Popper, escreveu algo que sempre me acompanhou: o futuro encontra-se em aberto. Tudo pode acontecer. Ele disse ainda:  temos o dever moral de enfrentar o futuro de um modo diferente daquele que seria se o futuro fosse apenas uma continuação do passado e do presente. Outra pensadora, que viu e viveu muitas coisas, Hannah Arendt, disse que na política temos o direito de ter a expectativa de milagres, porque os homens são aptos para realizar o improvável.

Diante do presente sombrio não podemos permitir que os sonhos morram para sempre. Temos que parar de apenas lamentar e começar a imaginar o que podemos e devemos fazer, pois o caminho do futuro está aberto para nós.

*Advogado, ex-deputado federal e ex-ministro da Previdência

Os artigos aqui publicados podem não expressar, necessariamente, a opinião de MercadoComum e são de responsabilidade do autor.

MercadoComum, ora em seu 30º ano de circulação e em sua 324ª edição é enviado, mensalmente, a um público constituído por 118 mil pessoas formadoras de opinião em todo o país, diretamente via email e Linkedin, Whatsapp/Telegram, além de disponibilizar, para acesso, o seu site www.mercadocomum.com, juntamente com as suas edições anteriores.

De acordo com estatísticas do Google Analytics Search a publicação MercadoComum obteve – no período de outubro de 2022 a agosto de 2023 – 9,56 milhões de visualizações – das quais, 1.016.327 ocorreram de 14 de agosto a 10 de setembro/2023.

Tráfego orgânico MercadoComum bY SEO MUNIZ

O XXV Prêmio Minas – Desempenho Empresarial – Melhores e Maiores Empresas – MercadoComum – 2023 conta com o apoio da ACMINAS – Associação Comercial e Empresarial de Minas; ASSEMG – Associação dos Economistas de Minas Gerais; Fórum JK de Desenvolvimento Econômico; IBEF – Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Minas Gerais e MinasPart- Desenvolvimento Empresarial e Econômico Ltda.

O prazo para reserva de espaço para as publicidades na edição especial de MC será até o dia 31 de outubro e, a entrega de materiais, até o dia 16 de novembro.

As empresas agraciadas que participarem desta premiação, através da veiculação de uma página de publicidade na edição especial impressa e eletrônica, bem como no site desta publicação, além de um descritivo institucional sobre as mesmas receberão, também, um diploma impresso em papel especial, um troféu em aço inox e terão direito, adicionalmente, a uma mesa exclusiva de 8 lugares para a solenidade de premiação e jantar de confraternização. Também participarão de um almoço especial que ocorrerá em dezembro, em Lagoa Santa-MG, em homenagem aos agraciados.

Rota

Sua localização:

Mercado Comum: Jornal on-line - BH - Cultura - Economia - Política e Variedades

Rua Padre Odorico, 128 – Sobreloja São Pedro
Belo Horizonte, Minas Gerais 30330-040
Brasil
Telefone: (0xx31) 3281-6474
Fax: (0xx31) 3223-1559
Email: revistamc@uol.com.br
URL: https://www.mercadocomum.com/
DomingoAberto 24 horas
SegundaAberto 24 horas
TerçaAberto 24 horas
QuartaAberto 24 horas
QuintaAberto 24 horas
SextaAberto 24 horas
SábadoAberto 24 horas
Anúncio