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Dificuldades na Gestão de Tecnologia e Inovação em Minas Gerais

Faz muito pouco tempo que os países ditos industrializados ou não, percebem o quanto a tecnologia, inovação etc podem contribuir para a formação e desenvolvimento de uma nação. Mas é necessário entender que a criação, transferência e aplicação de resultados em prol do bem estar da coletividade, do desenvolvimento empresarial e da soberania nacional, são processos que dependem do sucesso das empresas nas quais, se praticam as inovações.

Pode-se dizer que, centros de pesquisas, universidades, empresas de informática, siderurgia, mineradoras, têxtil, cabeamento óptico, microeletrônica, de química fina, alguns tipos de hospitais, clínicas médicas, fundações de pesquisas tecnológicas e sociais constituem-se de instituições, que podem ser consideradas do setor ou que possuem departamentos afins.

A eficácia destas instituições estão intimamente vinculadas ao seu sucesso. Pergunta-se: como se alcança este sucesso?
Poderá ser alcançado de várias maneiras, dentre as quais, destacam-se duas: primeiramente com a excelência
técnica representada pelo talento do técnico/pesquisador; e a segunda, com a qualidade de gestão, que deve oferecer
apoio e suporte para este talento. Percebe-se que, a segunda questão refere-se aos aspectos da qualidade das
atividades de gestão, percebida a partir do momento em que a “ciência, tecnologia e inovação” deixaram de depender
de vocações abnegadas de técnicos, cientistas geniais e de inventores isolados. Daí, vale dizer que, tais instituições
precisam ser PLANEJADAS, ORGANIZADAS, INSTITUCIONALIZADAS, ORÇAMENTADAS E AVALIADAS em termos de cumprimento de seus objetivos e metas.

O pioneirismo no Brasil sobre “gestão de tecnologia” coube à FEA – Faculdade de Economia e Administração da USP
– Universidade de São Paulo, por volta de 1980/90. Des- Antônio Balbino Consultor de Planejamento Estratégico
ARTIGO e Gestão Estratégica Dificuldades na “Gestão de Tecnologia e Inovação” em Minas Gerais dobramentos se sucederam em outras cidades, tais como, Campinas, São Carlos, São José dos Campos, Ribeirão Preto e em outros estados, Rio de Janeiro, Brasília, Rio Grande do Sul e Paraná.

A movimentação sobre o tema “gestão em tecnologia” nas principais instituições de ensino superior em Minas Gerais,
encontra-se em situação de precariedade. Os cursos de pós-graduação fornecidos constituem-se de verdadeiras
fábricas de gestores “em série”, sendo que o objetivo principal é o lucro financeiro fácil. Na área empresarial, por timidez, desinformação e até mesmo por “desconfiança” do papel da inovação em seus vários aspectos, dirigentes mineiros ficam receosos de uma ação de investimento, e assim, permanecem afastados de novas perspectivas de avanço e crescimento. Tudo isto, aliada a uma tímida divulgação nos principais meios de comunicação. Na verdade, querendo ou não, percebe-se no estado de Minas Gerais, um estímulo modesto e medíocre sobre a real importância da “inovação” e seus respectivos resultados. Aconteceram poucos eventos em Minas nos últimos dois anos sobre tal assunto.

Duas perguntas intrigantes: O que aconteceu de êxito em inovação e tecnologia nos últimos dez anos no Estado de
Minas Gerais? Qual estudo, tese, resultado de pesquisas em engenharia, medicina, física, cabeamento óptico, informática, química, materiais, meio ambiente e outros, que transpuseram as montanhas de Minas Gerais e obtiveram premiação nacional ou internacional com grande repercussão em “mídia” radiofônica, jornalística, televisiva, revistas técnicas?
Pode-se dizer que, em vista de alguns estados, Minas Gerais constitui-se num gigante adormecido no campo da inovação.

Profissionais, pesquisadores e técnicos talentosos existem, mas o problema se localiza basicamente, na má gestão do “fazer acontecer”. Numa visão genericamente cultural, a ausência da aplicação correta da ferramenta “planejamento”,
constitui-se na tônica deste cenário. É uma das razões do fracasso institucional de um grande centro tecnológico que
está hoje entregue a “ratos, matos e baratas”. Tudo isto, se resume numa visão controvertida e difusa de dirigentes afins.

Uma curiosidade: Recentemente, em evento promovido pela excelente AMCHAM, em Belo Horizonte, sobre o tema
“Competitividade – Brasil: Infraestrutura e Mão de obra em foco” com profissionais de notória expressão, constatou-se
que, em cinco horas de palestras e debates, as denominações “tecnologia e inovação” sequer foram lembradas ou
citadas. Um atento participante, manifestou-se em plenário a sua preocupação em perceber tal “esquecimento”, num
importante evento, cuja tônica básica era a análise do desenvolvimento empresarial no estado.

A “gestão de tecnologia e inovação” requer do seu respectivo gestor, conhecimentos nos campos de planejamento
estratégico, marketing de tecnologia, competência para lidar com pessoas de talento – pacotes tecnológicos –
negociação com contratos internacionais – análise jurídica de contratos de compra e venda de tecnologia – funcionamento de organismos de financiamentos, tais como, Banco Mundial, FINEP, CNPQ, FAPESP, Fapemig etc – utilização de universidade e seus departamentos – qualidade total – processos de criatividade – descoberta de profissionais de talento – estruturas organizacionais aplicadas à gestão de ciência e tecnologia/estrutura matricial – plano de cargos e salários e de carreira para pesquisadores – plano de cargos e salários e de carreira para profissionais de TI – administração de conflitos – percepção e entendimento desta “nova geração” de jovens técnicos das áreas de informática, robótica, mecatrônica, automação, segurança etc.

Há de se considerar, em nível histórico, que no Brasil, até o final dos anos 40, predominavam as indústrias de primeira
geração, geralmente voltadas para a produção de bens simples de primeira necessidade. Nos anos 50, especialmente,
e a partir do governo do Juscelino, começavam a surgir com grande força as indústrias de substituição de importação, o
que poderíamos chamar de “indústrias mais sofisticadas” de segunda geração. Este período prorrogou-se até 1969,
quando a necessidade de exportar determinou a compra maciça de tecnologia externa. Esta fase de terceira geração
começou a dar sinais de esgotamento em meados dos anos 70, com a escassez de financiamentos externos e o início
de um novo ciclo tecnológico. Tal ciclo abre espaços para a implantação de indústrias da quarta geração, quando a ciência e tecnologia, o desenvolvimento tecnológico, enfim, a pesquisa e a inovação, tornam-se vitais e estratégicas.

Com isto, aflora-se a necessidade, para que o país encontre soluções próprias para os seus próprios problemas e desafios. Assim, o reconhecimento da ciência, tecnologia e inovação ficou indispensável para que o Brasil pudesse superar o estágio de país atrasado, pobre e subdesenvolvido. Com isto, necessariamente, faz-se nascer a fundamentação da “gestão” da pratica cientifica e tecnológica, qual seja: como gerir uma Secretaria de Ciência e Tecnologia, como gerir uma fundação de pesquisas, como gerir um departamento de tecnologia e pesquisas de uma siderurgia, como gerir um departamento de transplante de um grande centro hospitalar, como gerir uma universidade, como gerir uma faculdade, como gerir uma gerência de inovação de uma fábrica de celulose etc.

Enfim, como gerir o conhecimento para que o mesmo, se desdobre em inovação e, colabore com o bem estar social,
empresarial e o desenvolvimento do país.

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