Victor de Almeida Moreira*
A transferência de culpa ao coletivo é uma armadilha cada vez mais eminente e que pode arruinar times, empresas e famílias. Em minha própria vida fui percebendo que, diante de um mundo cada vez mais caótico e volátil, era fácil me tornar um especialista em identificar problemas, em reclamar e criticar a “sociedade”, a “equipe”, a “empresa” e até a “família”.
Mas, repare nas palavras destacadas entre aspas. Vê algo em comum entre elas? Todas se referem a um coletivo! Com isso, é possível entender com clareza como cada um de nós se posiciona acima da “coletividade”, o que nos leva a assumir cada vez menos responsabilidades, uma vez que tendemos a terceirizá-las para um “todo” que supostamente não nos representa.
A validação estatística dessa percepção é muito bem colocada pelo economista, professor e autor Eduardo Giannetti, que cita estudos nos quais uma amostra de brasileiros foi submetida à algumas perguntas sobre o indivíduo e o coletivo. Por exemplo, perguntou-se para um grupo de pessoas “você se considera racista?”, de modo que 98% respondeu “não”. Para essa mesma amostra de pessoas, então, fez-se uma segunda pergunta: “o brasileiro é racista?” a que 80% respondeu “sim”.
Esse tipo de contradição nas respostas mostra que individualmente as pessoas não se reconhecem nas deficiências que veem no mundo ao redor delas. Ainda que todas elas juntas, sejam exatamente o que acontece no mundo. Como escreveu o filósofo francês La Rochefoucauld: cada um de nós descobre nos outros as mesmas falhas que os outros descobrem em nós. E este é o caminho de entrada pelo qual começamos a perder as rédeas de nossas vidas e deixarmos de lado o protagonismo de nossas carreiras.
A solução é retomar a ênfase na responsabilidade individual, afastando-se da culpa do coletivo. Afinal, não se muda um conjunto senão modificando as peças que o compõe.
Logo, qualquer evolução, projeto ou batalha, não há outro ponto de partida senão o próprio indivíduo. E é para estruturar estas bases de entendimento que a metodologia da Autoliderança Antifrágil foi criada. Ela propõe expandir a consciência individual, trazendo cada pessoa para dentro de si mesma antes que se projetem ao mundo, entregando ferramentas, métodos e o passo-a-passo para reestruturarem-se, reorganizarem-se e reposicionarem-se, alcançando, o desenvolvimento de si e do ambiente que as circundam.
Os 5 pilares fundamentais da metodologia são: (1) Autoconsciência, que ensina a ter clareza de quais são suas forças, seus potenciais, além de como ter controle sobre as circunstâncias; (2) Autorreflexão, para descobrir sua função no mundo e determinar os valores guias da jornada; (3) Autorresponsabilidade, para te dar as bases e ferramentas na construção de compromissos, empenho e senso de dever; (4) Autoignição, que propõe programar a mente para se entregar, agir e viver sua melhor versão; e (5) Autorregulação, estruturando a forma de monitorar e controlar não apenas as suas escolhas, mas também as consequências delas, ajustando a rota quando necessário.
Assumir a responsabilidade e ser a referência de si mesmo, fortalecer indivíduos para evoluir coletivos. Algo que Mahatma Gandhi descrevia como “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Autoliderança Antifrágil é sobre isso!
*Engenheiro de produção, com MBA em Engenharia de Custos, gestor de projetos da Mineração Rio do Norte, a maior mineradora de bauxita do país, e autor do livro (Auto)liderança Antifrágil, publicado pela Editora Gente.
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