COPOM eleva Selic para 15% ao ano. Decisão aumenta o custo no pagamento de juros sobre a dívida pública consolidada brasileira em cerca de R$ 23 bilhões ao ano

Carlos Alberto Teixeira de Oliveira
Presidente/Editor Geral de MercadoComum

Na reunião de 18 junho, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano. A decisão surpreendeu parte relevante dos participantes de mercado, que esperava manutenção da taxa em 14,75%. A decisão do COPOM eleva o custo no pagamento de juros sobre a dívida pública consolidada brasileira, em cerca de R$ 23 bilhões ao ano, cujo montante total pode ultrapassar R$ 1 trilhão neste ano.

O comunicado da decisão veio mais enxuto, mas manteve o tom cauteloso. O Copom destacou que o ambiente externo segue adverso e incerto, com ênfase nas políticas fiscal e comercial dos EUA e nas tensões geopolíticas. No cenário doméstico, um sinal dovish, ao observar moderação na atividade econômica e no mercado de trabalho, embora ainda apresentem algum dinamismo. A avaliação sobre a inflação permaneceu inalterada: tanto os índices cheios quanto os subjacentes continuam acima da meta, com expectativas desancoradas. Os riscos de alta e de baixa da inflação seguem elevados. As projeções oficiais voltaram a ficar em 3,6% para 2026.

O COPOM sinalizou que, diante desse cenário, será necessário manter a política monetária em patamar significativamente contracionista por um período bastante prolongado, o que reforça que um ciclo de flexibilização não deve ocorrer tão cedo.

Por fim, o comitê indicou que, se o cenário evoluir conforme o esperado, poderá interromper o ciclo de alta para avaliar os efeitos acumulados dos ajustes já realizados. Ainda assim, manteve o alerta de que seguirá vigilante e poderá retomar os aumentos, se necessário.

A LCA-4intelligence avalia que os juros devem ficar em 15% pelo menos até meados do primeiro semestre de 2026.

Copom indica Selic parada por período “bastante” prolongado

A reunião do comitê de política monetária (COPOM) realizada no dia 18 de junho, o Banco Central elevou a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 15% ao ano. A decisão foi unânime. A expectativa da LCA-4intelligence e da mediana das instituições consultadas na Pesquisa Focus era de que o juro básico seria mantido em 14,75% ao ano, enquanto as projeções implícitas no mercado futuro apontavam leve preponderância da elevação para 15% ao ano.

O comunicado da decisão trouxe redação mais enxuta. O Copom manteve avaliação de que o ambiente externo segue “adverso e particularmente incerto”, em função das incertezas associadas às políticas “comercial e fiscal” dos EUA, bem como pelo “acirramento da tensão geopolítica”.

Em relação ao ambiente doméstico, o Copom notou que a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda têm “apresentado algum dinamismo”, mas vêm apresentando “certa moderação” (os termos grifados foram introduzidos nesta versão do comunicado, sugerindo que a autoridade parece enxergar algum arrefecimento no dinamismo da economia).

A avaliação sobre a inflação não se alterou: a inflação cheia e as medidas subjacentes seguem acima das metas, assim como as expectativas inflacionárias; os riscos” tanto de alta quanto de baixa” seguem mais elevados do que o usual; as projeções oficiais não se alteraram, e continuam apontando para uma inflação de 3,6% para 2026, que constitui o horizonte relevante de atuação da política monetária.

Nessas circunstâncias, o COPOM sinalizou que, para “assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. A inclusão do termo grifado parece ter o intuito de enfatizar que um ciclo de flexibilização da política monetário não começará a ser implementado tão cedo.

Em sua comunicação prospectiva, o COPOM indicou que, em “se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta” – reforçando a sinalização de que a Selic permanecerá estacionada por um bom tempo.

O comunicado ainda trouxe um recado final de cautela, alertando que o “Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. Vale notar que o comunicado do COPOM apresentou conteúdo levemente mais hawkish (jargão a indicar inclinação por apertar as condições monetárias), em linha com a decisão de promover um ajuste adicional da Selic.

Para a LCA-4intelligence, a curva projetada por ela para a Selic está sob revisão, para incorporar o inesperado aumento de 25 pontos-base desta reunião. Por ora, seguirá avaliando que um ciclo de flexibilização só deverá começar a ser implementado na virada do 1º para o 2º trimestre de 2026, perspectiva que fica reforçada pelo conteúdo cauteloso do comunicado.

Ata do COPOM: principais pontos do cenário e riscos

Resumidamente, a ata da última reunião do COPOM, que elevou a taxa Selic para 15% e foi divulgada no dia 23 de maio, destaca os seguintes pontos:

O cenário de inflação segue desafiador, com incertezas externas e internas impactando projeções e expectativas.

O ambiente internacional permanece volátil, com destaque para incertezas fiscais nos EUA e tensões no Oriente Médio.

A atividade econômica doméstica mostra sinais mistos, com moderação gradual no crescimento e consumo ainda resiliente.

O mercado de trabalho segue forte, com baixa taxa de desemprego e renda elevada, mas com sinais iniciais de desaceleração.

O crédito bancário mostra inflexão, com aumento de juros e menor ritmo de concessões, especialmente no crédito livre.

A política fiscal precisa ser crível e anticíclica; incertezas fiscais podem elevar a taxa de juros neutra.

As expectativas de inflação seguem desancoradas em todos os horizontes, exigindo política monetária mais restritiva e duradoura.

A inflação de curto prazo surpreendeu para baixo, mas os núcleos permanecem pressionados, exigindo cautela.

Projeções indicam inflação de 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026, acima da meta.

O balanço de riscos é assimétrico, com fatores de alta e baixa para a inflação.

O Comitê reforça a necessidade de manter política monetária contracionista por período prolongado para garantir convergência à meta.

A “Super Quarta” elevou a Selic para o maior nível em quase 20 anos

Mistério resolvido. Para a publicação The News, após divergências no mercado sobre qual decisão o Copom tomaria em relação à taxa de juros, o Banco Central decidiu elevar a Selic de 14,75% para 15% ao ano, atingindo o maior patamar desde julho de 2006.

A decisão foi unânime e marca a 7ª alta consecutiva desde setembro de 2024. Com esse aumento, o Brasil passa a ter o 2° maior juro real do mundo.

Para o comitê, prevaleceu a leitura de que, embora a inflação tenha desacelerado — o IPCA acumulado em 12 meses caiu para 5,25% —, ela ainda segue acima do teto da meta, que é de 4,5% para 2025.

Outro fator que influenciou a decisão foi a proposta do governo de aumentar o IOF, que enfrentou forte resistência e deve ser barrada no Congresso.

O BC sinalizou que deve pausar o ciclo de alta para avaliar os efeitos da política monetária, desde que o cenário de convergência da inflação à meta se mantenha.

Nos EUA, a história é um pouco diferente.

Já o Federal Reserve, dos Estados Unidos, manteve os juros americanos na faixa de 4,25% a 4,50%.

Essa é a quarta vez seguida que o Banco Central dos EUA segura os juros. O comitê reconheceu que as incertezas sobre a economia ainda são altas, mas bem menores do que na última reunião.

Mas a decisão não foi muito bem aceita por Trump. O presidente americano chamou Powell de estúpido e ainda disse que talvez ele mesmo devesse assumir o comando do Fed.

Conforme a publicação Poder 360, o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking global de juros reais (quando é descontada a inflação). A taxa do Brasil anualizada será de 9,53% com a nova alta de 0,25 ponto percentual da Selic promovida pelo Banco Central no dia 28 de junho. O patamar está em 15% ao ano. O levantamento foi feito pelo economista Jason Vieira, da consultoria MoneYou.

O percentual brasileiro fica atrás só da Turquia (14,44%). Subiu uma posição em relação a maio, quando foi realizada a reunião anterior do Copom (Comitê de Política Monetária). O ranking é feito com base na estimativa “ex-ante”, quando as alíquotas anualizadas são estimadas com base nas estimativas da taxa básica e a inflação estimada para os próximos 12 meses. Considera a análise de países considerados os mais relevantes no mercado de renda fixa

O Brasil está na 4⁠ª posição no ranking de maiores juros nominais dentre os principais mercados. Mantém a posição em relação ao levantamento de maio.

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