Mercado de seguros deverá crescer em torno de 17% em 2011
Sergio Frade
Especialista em Seguros,
Diretor-Presidente da Solutions Gestão de Seguros
O mercado segurador deverá repetir um crescimento na casa de dois dígitos em 2011. Esta é a previsão da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg) que espera um faturamento em torno de R$ 218,6 bilhões, quando considerado os setores de seguro, previdência, capitalização e saúde – a variação com 2010 é na ordem de 17%.
Nesta condição, o mercado segurador elevará sua participação no PIB de 5,17% para 5,4%. Embora, em índice
menor que os países desenvolvidos, em torno de 8%, este resultado começa a mostrar a importância do setor para a poupança interna e o desenvolvimento do país – o que nem sempre é reconhecido.
O cenário é otimista para os próximos anos – as obras de infraestrutura e os microsseguros são vetores dessa expansão.
Ainda há uma demanda reprimida que passa pela mudança de hábitos da população no planejamento e proteção de suas conquistas. O seguro garante o futuro e está presente na vida das pessoas e empresas.
Se considerarmos que 40 milhões de pessoas migraram das classes D e E para as classes C e D e que a classe C
poderá representar mais de 50% da população brasileira até 2014, podemos esperar um futuro bastante promissor para o mercado segurador. Serão muitos brasileiros comprando coberturas de seguros para garantir as suas conquistas – dos seguros tradicionais de veículos aos de vida, residências, saúde, viagem e previdência.
As obras de infraestrutura, estádios e hotéis (somente em Belo Horizonte foram anunciados 40 novos hotéis) colaboram para o crescimento do setor de seguros.
Toda obra demanda seguro de Riscos de Engenharia, de Responsabilidade Civil, de equipamentos e de garantia das
obrigações contratuais, entre outros.
Observamos ainda que a falta de mão de obra também impacta o mercado de seguros, em especial no setor de construção civil que mais sofre com a escassez de trabalhadores. Planos de saúde, seguro de vida e até previdência já são obrigatórios no setor. Para manter seus empregados e não perdê-los para a concorrência, as construtoras aumentaram o leque de benefícios.
Outro ponto importante que afeta o mercado é transição pela qual passa o mercado de resseguro. Desde 2007,
quando houve a quebra do monopólio de resseguro, as resseguradoras passaram a se instalar no Brasil e alterou-se toda a dinâmica das seguradoras. A abertura do mercado brasileiro de resseguros beneficiou não só as empresas seguradoras de maneira direta, como também todas as áreas que a circundam, criando novas oportunidades de serviços, novos postos de trabalho e áreas de aplicação de tecnologia
no setor.
Este ambiente demonstra um cenário de seguros bem mais otimista do que o da economia como um todo.
Crise
A situação do mercado segurador frente ao agravamento da crise financeira mundial foi tema de evento promovido em novembro em Londres. Um dos poucos brasileiros presentes foi Sérgio Frade, presidente da Solutions Gestão de Seguros.
Em síntese, o evento o ocorreu dia 01/11, na Tower 42, em Londres, em encontro promovido pela Miller Insurance
Services Limited e com a participação da RSA, Zurich e gestores de seguros de empresas.
Segundo Sérgio Frade, durante as discussões, os especialistas chegaram à conclusão de que o setor de resseguros passará por um abalo inevitável por causa da estagnação de alguns mercados e enfrentará a longo prazo a pressão descendente sobre os preços. Ficou claro que ainda existe capacidade excedente no mercado para as resseguradoras do Reino Unido, e que nem mesmo as perdas catastróficas deste ano, estimadas em US$ 100 bilhões, forçarão os preços para cima – embora em certas linhas de negócios e regiões isso pode aumentar a pressão sobre os preços.
Do ponto de vista das seguradoras, Zurich e RSA, ambas não acreditam em grandes transformações no cenário atual, mas numa redução no crescimento se comprado com os anos anteriores, entretanto não esperam um decrescimento do setor no mercado londrino. Por parte das corretoras, o sentimento é o mesmo. Apesar desse conturbado momento econômico que está vivendo a Europa, o mercado londrino não deve retroceder em 2012. Na verdade, espera-se um crescimento na área de Financial Lines.
Os gestores de risco, consumidores de seguros corporativos, foram claros em destacar que existe uma pressão
considerável para redução de custos em geral em suas empresas, mantendo os prêmios/despesas com seguros
para baixo. Os compradores de seguros estão ansiosos para manter os preços relativamente estáveis por um bom tempo e acreditam que não serão vítimas de uma reação automática às recentes catástrofes naturais e estão dispostos a buscar de forma mais colaborativa – e a longo prazo – as relações com as seguradoras e seus underwriters no fornecimento de soluções mais criativas e pensando no risco.
Todos reconhecem que as várias partes desta cadeia de riscos são interdependentes – mas os gestores de risco foram claros em sua visão de que eles precisam ser apresentados de forma imparcial, e garantida as suas necessidades específicas – e não apenas a aceitar aumentos de preços devido a eventos em outros lugares (como uma catástrofe natural do tipo Tsunami no Japão). É claro o trabalho dos corretores para gerir esses pontos de vista conflitantes para chegar a uma posição comum entre as partes.
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