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Brasil imerso num cenário de incertezas

Victoria Coates Werneck, consultora para Economia e Estratégia do grupo Icatu Seguros, ministrou a palestra “As perspectivas do Brasil em meio às incertezas da economia mundial”, no último dia seis de março. Em sua apresentação, pontuou os principais efeitos do cenário de crise internacional nas contas brasileiras. O evento foi promovido pelo Icatu, em parceria com a MercadoComum. Confira abaixo a entrevista feita com a economista.

Por que sua análise carrega um certo pessimismo em relação à economia brasileira?

Na verdade, não é como se eu estivesse pessimista com a economia brasileira; estou pessimista é com a economia mundial. E como o Brasil não está isolado do resto do mundo…

A China, nosso maior parceiro comercial, decidiu que vai desacelerar sua taxa de crescimento. Nós seremos afetados por isso e pelos fluxos financeiros que serão provocados.

O Brasil precisa desses fluxos financeiros porque tem um déficit grande na conta corrente. Se esses fluxos secarem de uma hora para outra, nós vamos ter problemas, sim, porque o câmbio vai desvalorizar, provocando o aumento de custo e a subida da inflação. No futuro, a indústria pode ser mais competitiva com o câmbio valorizando, mas uma brutal desvalorização imediata trará muitos problemas.

Em sua opinião, qual o efeito para a economia brasileira da redução dos preços das commodities no mercado internacional, tendo em visto que nosso comércio exterior é muito focado nestas vendas?

A Vale já mostra uma redução dos preços das ações por conta disso. Então, haverá um efeito não totalmente ruim, porque os preços das commodities estão altos ainda de qualquer maneira, mas vai haver um efeito de lucratividade e rentabilidade nessas empresas que exportam commodities.

Para o país como um todo, isso terá um efeito positivo na inflação.

Por que o Brasil tem atraído tantos investimentos externos?

Em primeiro lugar, há uma atração de investimentos produtivos mesmo, vindo de empresas que querem se aproveitar do nosso forte mercado interno de 200 milhões de pessoas.

Certamente, o país tem uma estabilidade fiscal razoável e isso é um fator de atração de investimentos em indústria automobilística, agronegócio, infraestrutura etc. Mas o Brasil tem atraído também aplicações mais especulativas por conta do diferencial de juros entre o país e o resto do mundo.

Então, há perspectiva de crescimento em 2012?

Claro que houve uma desaceleração do crescimento e agora, por causa da inserção do Brasil na economia global, está surgindo uma série de incertezas. Em razão disso, não espero que haja um crescimento muito elevado da economia em 2012.

 

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