Autor: Olavo Romano

Vaca leiteira era na Água Limpa. Ali, debaixo dos olhos do dono, tudo prosperava. Já gado solteiro, bezerro desmamado, novilha prenha, mas não mojando ainda, vaca falhada, garrote recriando, era na Invernada, três léguas no rumo da Cachoeira Alegre. Lá imperava Felizberto,  sistemático, mas danado de trabalhador. Vivia correndo divisa, conferindo o estado da cerca e da criação, volta e meia dava sal e passava as vistas. Só tinha um defeito: gostava e sapecar uma mentira ou, como dizia o povo, queimar campo. Sô Camilo, o patrão, ficava fulo da vida. Mas, passada a raiva e pesadas melhor as coisas,…

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Na mocidade, Bastião não enjeitava trabalho. Quando aprendeu a furar poço, tomou gosto, virou cisterneiro. Pegou firmeza no ofício, cismou de ganhar dinheiro, bateu para São Paulo. Virou, mexeu, foi parar em Barretos. Por lá ficou um tempão. Notícia, só de raro em raro. A família dava um desconto, deixava pra lá. “Ele sempre foi assim, não havia de ser agora que ia mudar”, diziam, conformados. Passado um bom tempo, apareceu: distraído, aluado, clamando uma novidade na cabeça. “De vez em quando me dá uma coisa ruim, parece que fico meio fraco da ideia”. Pergunta daqui, especula dali, contou o…

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O senador Carlos Viana é meu primo, nossos avôs eram irmãos. Por causa do pai deles se chamar Nemésio, eram conhecidos como Zé Nemésio e Sebastião Nemésio. Meu avô morava na Serra, meia légua de Morro do Ferro.Tio Sebastião, nos Morais, município de Bonsucesso. Andejo, cheio de papeata e bizarria, zanzava a cavalo pela Carapuça, Romeiros, Chapada, Jacaré, Ponte de Pedra, aquele mundo antigo sem estrada de automóvel. Contando casos, inventando potoca, divertia as pessoas, fazia o povo rir. Dispensado do serviço militar por morar na roça, nem continência sabia fazer. Mas era conhecido por Majó. Seu filho Juca veio…

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