América Latina: Inovação e o caminho do Brasil para a competitividade

Vladimir Fernandes Maciel*

Apesar de representar apenas 8% da população global e 6,5% da produção econômica global, a América Latina está destinada a desempenhar um papel fundamental nas próximas décadas. Um fator notável que impulsiona essa importância é o domínio da região nas reservas globais de minerais críticos. Com 40% da produção mundial de cobre e 35% da produção de lítio, entre outros minerais, a América Latina está no centro da rápida expansão da tecnologia verde e da transição para uma economia mais sustentável. Isso coloca a região em posição de obter vantagens econômicas e políticas substanciais, desde que possa garantir um fornecimento confiável desses minerais para a economia global.


Além disso, a região, liderada pelo Brasil, desempenha um papel vital como grande exportadora de alimentos no cenário global. Os países examinados neste estudo – Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru – não apenas representam 35% da população da região, mas também contribuem com 40% de sua produção econômica, moldando de maneira significativa a realidade econômica da América Latina.


 No entanto, apesar de sua importância econômica e recursos naturais abundantes, a América Latina fica atrás das partes mais desenvolvidas do mundo em termos de desenvolvimento econômico. Alguns países na região correm o risco de ficar presos na armadilha de renda média, lutando para alcançar economias de alta renda. Como a Information Technology and Innovation Foundation (ITIF) destacou, no mundo interconectado de hoje, a inovação e o progresso tecnológico desempenham um papel crítico na manutenção da força econômica e da importância internacional. Portanto, é essencial que esses países desenvolvam estratégias de inovação robustas para evitar ficar para trás.


A importância de uma estratégia de inovação não pode ser subestimada. No século XXI, o desenvolvimento sustentável de um país e o crescimento econômico dependem de sua capacidade de desenvolver e transferir conhecimento e tecnologia, aumentar a produtividade e promover a resiliência econômica. Vários elementos-chave moldam o ecossistema de inovação de um país, incluindo a qualidade da educação, o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), a presença de profissionais qualificados em P&D, a vitalidade da economia e o espírito empreendedor.


 No entanto, enquanto países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, investem cerca de 3% do PIB em atividades de P&D, a América Latina investe apenas 0,67% do PIB nesse setor. Esse baixo investimento também se reflete no fato de que a região contribui com apenas 2,75% das publicações científicas mundiais sobre inovação, apesar de sua representatividade econômica e populacional significativa.


 É aqui que entra o estudo do Índice de Competitividade em Inovação Subnacional da América Latina (LASICI, sigla em inglês). Esse índice abrange 182 estados/departamentos/províncias em seis países da América Latina e dos Estados Unidos, com o objetivo de avaliar o desempenho de inovação subnacional. Os resultados revelam que, embora a América Latina tenha desafios e oportunidades diversificados, é crucial que a região e, em particular, o Brasil, adotem uma abordagem estratégica para melhorar sua capacidade de inovação.


 A categoria mais importante do LASICI é a capacidade de inovação, representando 56% do peso total, seguida pelos indicadores da economia do conhecimento (31%) e da globalização (13%). Isso ressalta a necessidade de investir em infraestrutura, aumentar os investimentos em P&D, fortalecer a proteção de propriedade intelectual e promover práticas sustentáveis.


O Índice de Competitividade em Inovação Subnacional da América Latina oferece uma visão reveladora do panorama de inovação na região. As primeiras 47 posições são ocupadas por estados dos EUA. Entre os destaques, as cinco melhores regiões na América Latina, de acordo com o LASICI, incluem a Cidade do México, no México, São Paulo, no Brasil, Lima, no Peru, Bogotá, na Colômbia, e Arequipa, no Peru. Essas regiões se destacam por suas capacidades de inovação e contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico de seus países.


Entre os estados brasileiros, São Paulo lidera o ranking, seguido pelo Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esses estados estão fazendo grandes avanços em direção a uma maior capacidade de inovação, mas ainda há espaço para melhorias em todo o país para que o Brasil possa aproveitar todo o seu potencial no campo da inovação.


No entanto, o desempenho do Brasil no LASICI também revela áreas que exigem atenção. Embora o país tenha alcançado progressos notáveis na criação de empresas, enfrenta desafios relacionados à adoção de banda larga, intensidade em pesquisa e desenvolvimento, disponibilidade de pessoal qualificado, pedidos de patentes, eficiência na redução de emissões de carbono e investimento de capital de risco. Essas áreas são cruciais para impulsionar a inovação e a competitividade do Brasil no cenário global.


Para impulsionar a economia do conhecimento no Brasil e abordar os desafios identificados pelo LASICI, é fundamental adotar uma estratégia política específica. Isso inclui a promoção da excelência educacional em todos os níveis, incentivando o aprendizado contínuo ao longo da vida e estabelecendo parcerias sólidas entre indústrias e academias. Além disso, é crucial abraçar avanços tecnológicos para impulsionar a produtividade. A abertura ao comércio também desempenha um papel importante, estimulando a concorrência na indústria e impulsionando avanços significativos na produtividade.


Em relação à globalização, o Brasil deve aproveitar o potencial de suas regiões subnacionais para fomentar a inovação e diversificar a economia. Isso pode ser alcançado por meio da promoção de exportações de alta tecnologia, coordenação de missões comerciais direcionadas e fortalecimento das capacidades das indústrias de alta tecnologia por meio de iniciativas de capacitação. Além disso, o cultivo de clusters industriais colaborativos e zonas econômicas especiais pode ajudar a melhorar a distribuição de Investimento Estrangeiro Direto (IED) e impulsionar a competitividade internacional do Brasil.
 

Quanto à capacidade de inovação, o Brasil deve adotar uma abordagem abrangente que inclua melhorias na infraestrutura, aumento dos investimentos em P&D, legislação robusta de proteção de propriedade intelectual e uma cultura de propriedade intelectual. É fundamental promover práticas sustentáveis em setores-chave, como a região amazônica, mineração e agroindústria. Além disso, fornecer suporte personalizado para startups fora das principais áreas metropolitanas, como São Paulo e Rio de Janeiro, e facilitar o acesso ao capital de risco são passos cruciais para fortalecer a capacidade de inovação subnacional e permitir que o país prospere em um cenário global em constante evolução.

América Latina: Inovação e o caminho do Brasil para a competitividade
América Latina: Inovação e o caminho do Brasil para a competitividade


Em suma, a América Latina e o Brasil desempenham um papel crucial na economia global devido aos seus recursos naturais e potencial de inovação. Para aproveitar ao máximo essa oportunidade, é fundamental adotar políticas estratégicas que promovam a inovação, a educação de alta qualidade e a colaboração entre indústria e academia. Somente assim a região poderá evitar a armadilha de renda média e alcançar um desenvolvimento econômico sustentável.

 *Coordenador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE), professor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e coautor do Índice de Competitividade em Inovação Subnacional da América Latina.

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