A verdadeira história do Palácio das Mangabeiras – que, até a posse de Romeu Zema, era considerado a residência oficial dos governadores de Minas

A verdadeira histo?ria do Pala?cio das Mangabeiras – que, ate? a posse de Romeu Zema, era considerado a reside?ncia oficial dos governadores de Minas
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Durante todo o período eleitoral de 2018, o governador de Minas Romeu Zema declarou, por diversas vezes, que não usaria o Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, para morar e que tornaria a residência oficial do governador no “museu das mordomias”. O objetivo de tal iniciativa, segundo o governador, seria mostrar para os mineiros benefícios a que seus antecessores tinham direito utilizando-se de recurso público, mesmo o Estado não tendo dinheiro para pagar os servidores em dia.

O atual governado de Minas, cumprindo uma promessa de campanha, no início de seu mandato em 2019 optou por alugar outro imóvel em Belo Horizonte para morar, próximo à Cidade Administrativa, deixando a tradicional residência no bairro nobre da região centro-sul para outras ocupações. Em decreto emitido pelo governador Romeu Zema em 5 de Junho de 2019, o Palácio das Mangabeiras deixou de ser considerado residência oficial do chefe do executivo e passou a integrar a lista de bens dominicais do estado de Minas Gerais.

Com isso, desde junho de 2019, o lugar passou a ser de responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), tendo nele sido realizado o seu primeiro evento naquele espaço, a Casa Cor BH 2019.

De acordo com o governador Zema, o objetivo, de agora em diante, é que o local tenha custo zero para o Estado. “Ainda não entregamos ao público. Mas 99% dos mineiros não o conhecem. Sou da opinião de que o governador é um servidor público. Precisamos enterrar a ideia de que o tratamento tem que ser como o da nobreza. O povo mineiro tem que estar aqui, aproveitar o imóvel. E o mais importante é não custar nada aos cofres públicos”, destacou, à época, o governador de Minas

Inaugurado em 1955 pelo então governador Juscelino Kubitschek, o edifício e sua área adjacente, de 42 mil metros quadrados, pertencem ao perímetro de tombamento do Conjunto Paisagístico da Serra do Curral, protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Desde então, o local abrigou os governadores de Minas. O projeto inicial tem a autoria do arquiteto Oscar Niemeyer, com jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx.

Para o então secretário de Cultura e Turismo de Minas do governo Zema, Marcelo Matte, além da CasaCor, o objetivo do governo era ocupar o espaço com outros eventos. “Passa a ser um equipamento cultural à disposição do povo mineiro. Eventualmente, teremos eventos pagos, eventualmente privados; a ideia é que tenhamos uma sustentação econômica para este espaço”, afirmou.  Ao fim do período da CasaCor, um novo operador será buscado. Nesses intervalos, o espaço poderá ser visitado gratuitamente com acervo do estado, ainda sem data estabelecida.

O Palácio das Mangabeiras, em Belo Horizonte, também se constitui obra concluída por JK. Não idealizado por ele, foi um “mico” que recebeu do governo anterior e pertencente à estrutura previdenciária da Polícia Militar do Estado, instituição da qual serviu e aposentou-se, como tenente-coronel médico. Juscelino Kubitschek foi um militar de fato, tendo participado diretamente de frentes de combate, durante a Revolução Constitucionalista, em 1932. Por várias vezes, correu risco de vida nos combates em que atuou como médico militar.

A construção do Palácio das Mangabeiras sofreu forte oposição, representada pela UDN, que levantava suspeitas e propagava que a obra era o sonho das mil e uma noites, toda de vidro, com salões deslumbrantes supremo luxo e até “telefones nos banheiros”. Em síntese, alardeavam que era um acinte ao povo na sua pobreza e no seu modo simples de viver.

Terminada a obra é que se viu tratar-se de um belo e harmonioso projeto de Oscar Niemeyer, bastante simples, sem luxo, próprio para o descanso dos governadores do Estado.

O relato, seguinte, é de autoria do ex-governador Francelino Pereira:

“O próprio Juscelino, como governador, foi o melhor exemplo de que as divergências políticas muitas vezes não passavam de espuma: incorporou integralmente, e sem restrições, o excelente modelo de planejamento deixado pelo ex-governador Milton Campos.

Mas nem por isso nós o poupamos. Quando mandou reformar, para seu próprio uso, uma casa que a Polícia Militar construíra no alto das Mangabeiras, contratando Oscar Niemeyer para executar o trabalho, não tivemos dúvidas em apelidá-la de “Palácio das mil e uma noites”. JK até abriu a casa para mostrar aos deputados udenistas que não passava de uma construção sem qualquer luxo, mas foi inútil. Nós éramos duros, na oposição, e cumpríamos o nosso papel.

Duas décadas depois, quando ocupei o Palácio das Mangabeiras, pude constatar que a então residência oficial do governador de Minas era, na realidade, como é até hoje, uma das mais simples e modestas do bairro. Mas aí a história já estava escrita.”

Pala?cio das Mangabeiras

A seguir, relato do próprio JK e constou do seu pronunciamento transmitido pela Rádio Inconfidência, em 26 de julho de 1952, ao completar seis meses como governador de Minas:

“Cabe aqui, embora a contragosto, um parêntese nesta palestra com os meus amigos. Em meio dos papéis que, semana após semana, me vêm às mãos, propondo-me medidas dessa natureza, chegou-me um ofício do Comandante Geral da Polícia Militar, informando-me que o Governo passado resolvera adaptar, para residência eventual do Governo, uma casa que a Polícia, em terrenos de sua propriedade, iniciara para repouso dos oficiais empregados na instrução de tiro. Comunicava-me o Comandante Geral, digno oficial que exercera idêntica função no Governo anterior, que as obras daquela adaptação não haviam sido concluídas e pedia, então, minha autorização para prosseguir nelas, frisando textualmente em seu ofício: “A construção, com esses obras de adaptação, está quase terminada (notai bem, está quase terminada), mas necessita ainda de trabalhos complementares de acabamento. É urgente que se proceda a esses trabalhos, sem o que poderia ocorrer grande prejuízo com o estrago das partes ainda não terminadas”.

Tivesse eu negado essa autorização e, com toda justiça, seria acusado de incúria com respeito a um bem estadual. Autorizei o acabamento das obras e fui acusado de gastos voluptuários. Fiz apenas um ato de rotina administrativa – e para isso até recusei um projeto de remodelação do arquiteto Oscar Niemeyer, por considerá-lo dispendioso – fiz apenas um ato de rotina administrativa, repito, e a casa de simples casa, passou a ser o Palácio das Mangabeiras. Realmente, a minha mão deve ser miraculosa, para que, com uma simples assinatura, uma residência, que não vai ser maior nem mais confortável do que aquela que qualquer cidadão de posses médias pode construir e que eu não planejei nem início, se transforme em palácio mirabolante de faustoso.

Comparem-se, porém, as fotografias feitas por fotógrafos que os opositores levaram ao local, há poucos dias publicadas na imprensa, com as do arquivo da Polícia Militar remetidas à Assembleia Legislativa, e ver-se-á que em dois meses e meio, isto é desde que foi reiniciado o serviço, seria humanamente impossível atribuir ao meu governo a construção que lá se encontra. Dentro de 30 dias, deverá estar concluída a casa, cujas obras estão sendo levadas a termo em sigilo. Conforme se propalou, pois todos que intentaram visitá-la e fotografá-la conseguiram realizar o seu desejo. Como fiz com o Palácio da Liberdade, logo que assumi o governo, abrindo-o à visitação pública em dias marcados, também franquearei a casa das Mangabeiras à visita do povo, naturalmente dentro das exigências de serviço do Polícia Militar, que é proprietária e utiliza os terrenos circundantes para exercícios de tiro, ficando exatamente localizados na parte posterior à residência.

Com isso, dói por encerrado um caso que não deveria tomar o tempo do Governador do Estado por sua insignificância. Mesmo porque aquela casa destinada à repouso do Governador, constituindo-se em patrimônio do Estado, raramente ou mesmo nunca poderá ser usada por mim, que para isso não tenho tempo. Estou vos prestando contas do que têm sido estes primeiros seis meses de governo e é bom que vos descreva o que tem sido o dia medido do Governador; café, na mesa, às sete horas da manhã, já com os auxiliares de Gabinete à minha frente, lendo-me papéis e submetendo-os à assinatura; audiências públicas ou com autoridades, que nunca se iniciam depois das oito e nunca terminam antes das 13 horas, quando não vou para a mesa do almoço à duas e às três da tarde, e sempre com quatro a dez pessoas, dos lados e na frente, a me dizerem que aquela ponte está caindo, que a professora tal precisa ser aumentada, que os comunistas estão dando tiros em Uberlândia, que os soldados da Polícia estão sem botinas e que reclamam uma estrada para Montes Claros. Depois, mais audiências e despachos até a hora do jantar, após o qual, para variar, mais despachos e audiências. Por volta das onze horas da noite é que o Palácio começa a ficar um pouco vazio só então posso ter a calma e a tranquilidade para me fechar num gabinete , com um ou dois auxiliares, e ir até as duas e as três da manhã estudando planos e projetos, discutindo a política-geral da administração e assentando diretrizes para o futuro.

Isso, quando estou no Palácio do Governo. Em viagem, a rotina não é mais suave e, por isso, como exemplo, vos cito a última visita que fiz, à cidade de Campos Gerais, onde, das dez da manhã à cinco da tarde – isto é, durante o tempo em que lá estive – além das solenidade e homenagens a que assisti, recebi, de papel e caneta na mão, as delegações e os prefeitos de onze municípios vizinhos e esgotei um bloco de anotações.

A verdade é que este é o meu dever e, porque não me quero furtar ao seu cumprimento, de pouco tempo vou dispor pra repousar. Mas nem por isso fugirei ao imperativo de conservar e melhorar os imóveis públicos. Por essa mesma razão, ordenei obras de restauração e conservação do Palácio da Liberdade, construção que é uma joia histórica do povo de Minas Gerais, não sendo eu quem o iria deixar em ruínas, com as paredes rachando, os assoalhos soltos e o estuque dos tetos se desprendendo.”

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Carlos Alberto Teixeira de Oliveira
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