La nave va

Nestor de Oliveira*

 “A nau dos insensatos”, de Sebastian Brant (1.494), “Nau sem rumo”, o vinho de Andradas (melhor safra em 1.959), “Barco sem rumo” de Cora Coralina, (inspirado na grande guerra terminada em 1.945) qualquer destes nomes seria um bom título para as reflexões que me proponho a fazer com o prezado leitor. Preferi “La nave va”, do filme de Frederico Fellini, (1.983) pelo fio de esperança, quando espelhado, no que ainda existe para a nossa terra de Santa Cruz. O filme, como se fosse um documentário fictício, mostra eventos ocorridos a bordo de um navio luxuoso, onde o funeral, de uma cantora de ópera, os amigos se reúnem para sua despedida. Há, ao longo da projeção, ocorrências de fatos que mais parecem saídas do livro “A nau dos insensatos” de Brant. Este, uma paródia da Arca de Noé, a nau do bem, e como tratado literário e fictício, passageiros loucos são todos candidatos a ser o capitão desta embarcação de degenerados. Ninguém se entende e excentricidades são comuns durante esta viagem em alto e perigoso mar. Mesmo no “Barco sem rumo”, de Cora Coralina, uma belíssima poesia, vemos o quanto é complicado o barco encontrar um porto seguro, estando desgovernado: “Incerto e sem destino, todos os portos se negam a recebê-lo”. Resta o nome do vinho de Andradas, “Nau sem rumo” o bom e reconfortante tinto, sempre a nos revelar os segredos da vida e a verdade.

Como o leitor já percebeu falo dos descaminhos percorridos pelo nosso Brasil, que continua na busca de seu melhor destino, no entanto, tropeçando e levando solavancos elementares seja na economia, equilíbrio social, desenvolvimento e progresso. Estamos à deriva num oceano de oportunidades que passam e não conseguimos agarrar. Somos uma nação muito nova, menos de 10% de nossa vida independente respiramos ares democráticos, sendo que as ditaduras dos anos 30 e 60, do século passado, foram predominantes. Mas, nem por isto teríamos que estar embarcados sem destino, numa viagem não programada, não planejada, sujeitos às fúrias de ondas e acidentes perfeitamente contornáveis, sem um porto onde ancorássemos e tivéssemos segurança. Estamos entregues aos improvisos de capitães que não conhecem os tenebrosos mares que percorremos, despreparados e só enxergam seus horizontes pessoais, ou eleitorais.

Dados médios, cruzados entre 2019 e 2023, pelo IBGE, dão bem a dimensão de nosso status como país, onde entre os mais de 210 milhões de passageiros/habitantes, 43 milhões são trabalhadores, empreendedores e empresários, 12 milhões são servidores públicos, 39 milhões são aposentados e pensionistas, 53 milhões são crianças e adolescentes até 18 anos e 56 milhões são dependentes do bolsa família e benefícios previdenciários. Os índios e imigrantes completam nosso barco. Uma rápida vista dá para perceber que nossa nau está em desequilíbrio, muitos passageiros e poucos remadores, correndo sérios riscos de acidentes ou até mesmo naufrágio. Pior, com um capitão sem entusiasmo e enfrentando diversos tipos de tempestades climáticas ou provocadas.

As mais recentes medidas do governo federal, a falta de âncoras fiscais e a desconfiança do mercado de investidores dão bem a noção do quanto estamos à deriva, seguindo uma viagem sem destino ou bússola que nos guie com firmeza e segurança. E assim, La nave Va.  

*Jornalista e escritor

MERCADOCOMUM estará circulando, em dezembro, com uma edição especial impressa e outra eletrônica trazendo matérias sobre os premiados, as empresas/instituições e personalidades – destacando a relevância desta iniciativa para a economia e o desenvolvimento de Minas Gerais. Cabe, ainda ressaltar, a importância da realização desse evento, que reúne expressiva parcela formadora do PIB mineiro e obtém ampla repercussão na mídia em geral. Nesta edição especial constará o descritivo do XXVIII Ranking de Empresas Mineiras, listando-se as Maiores Empresas de Minas – em ordem alfabética, por setor econômico, receita operacional líquida, resultado, patrimônio líquido e ativos totais, entre outros.

MercadoComum, ora em seu 31º ano de circulação e em sua 336ª edição é enviado, mensalmente, a um público constituído por 121 mil pessoas formadoras de opinião em todo o país diretamente, via email e Linkedin, Whatsapp,Telegram, além de estar disponibilizado, para acesso, o seu site www.mercadocomum.com, juntamente com as suas edições anteriores. 

De acordo com estatísticas do Google Analytics Search a publicação MercadoComum obteve – de 03 de outubro de 2023 a 03 de novembro de 2024 – 38 milhões de visualizações no acumulado do período.

 

 

SEO Muniz – Especialistas em tráfego orgânico Google AI

Planejamento Detalhado de SEO