Desinteresse do eleitor reflete na escolha dos políticos
Desinteresse do eleitor reflete na escolha dos políticos
Desinteresse do eleitor reflete na escolha dos políticos

Paulo Cesar de Oliveira

Tem razão, em parte, o presidente Lula nas críticas que fez ao Congresso que, para ele, tem a pior composição de todos os tempos. O parlamento no Brasil, em todos os níveis, tem realmente, piorado a sua composição a cada eleição, fruto especialmente do desinteresse do eleitor que não se preocupa em analisar candidatos. Vota em ídolos, não em líderes, e depois não se dá ao trabalho de acompanhar o trabalho de quem elegeu. Não fiscaliza, não cobra, apenas critica para, no próximo pleito, simplesmente repetir o voto ou destiná-lo a alguém ainda pior.

 

Esta deterioração do parlamento não veio de uma hora para outra. É certo que a repressão no militarismo afastou muito os bons da política, mas eleição após eleição, o eleitorado, parece, se esmerar na má escolha. Aliás, já no final da década de oitenta Ulisses Guimarães (foto) advertia “se vocês acham que este Parlamento é ruim, esperem até a próxima eleição”. Sua previsão continuou valendo ano após ano.

 

E a piora, se a situação não mudar, vai continuar. A disputa polarizada pela presidência da República deixa isto claro. Bolsonaro e Lula não querem ter a vigiar seus governos parlamentares sérios e preparados. Preferem a eleição de parlamentares populistas, que aceitem e aplaudam – assim como o eleitor – discursos como o de Lula, de que não respeitará a lei de limite de gastos, e que gastará o que for necessário. Ou atos como de Bolsonaro, que busca votos abrindo as burras governamentais e distribuído benesses em falsos programas sociais. Discursos e atos assim só promovem candidatos que comungam com estas ideias. Pessoas que não têm projetos para o país e que buscam se eleger apenas para cuidar de interesses pessoais ou de seus grupos. Não é assim que vamos mudar o país.

 

Só conseguiremos avançar com parlamentares- em todos os níveis de Poder – comprometidos com o que realmente interessa ao país e à população. Sem demagogias ou autoritarismos. Com democracia. Um bom Parlamento faz um bom Executivo. O contrário, não.

Na calada da noite

Ex-presidente Lula, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil
Ex-presidente Lula, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil

 

Um jantar no dia 23 de maio em São Paulo, entre o ex-presidente Lula, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil e o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia, marcou o início das conversas para uma possível aliança entre Lula e Kalil em Minas. Lula tem insistido em alinhar a sua candidatura à presidência da República a de Kalil ao governo de Minas. A negociação acontece bem a estilo mineiro, na calada da noite, longe de olhares curiosos. Para entrar na disputa, Kalil terá que deixar o cargo até no dia 2 de abril, prazo determinado pela legislação eleitoral para se tornar candidato ao governo de Minas.

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