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2014, o ano em que corruptos, mais uma vez, terão eleição garantida

Por: Jadir Barroso 

 

As homenagens que o PT vem prestando aos réus do mensalão e condenados pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 como criminosos por corrupção ativa, formação de quadrinha e lavagem de dinheiro público, têm estarrecido homens de bem no país. Mas, vão continuar, porque no Brasil muitos meliantes da sociedade são tratados como heróis por alguns segmentos com os quais mantêm interesses políticos, comerciais, econômicos, de parentesco ou simplesmente estratégicos.

Mais estarrecedora ainda é a constatação de que estaria, segundo noticiário da imprensa, ocorrendo aumento não apenas do número de filiações ao PT, como do número de simpatizantes. Vincular-se-iam tais fatos a uma possível solidariedade à corrupção praticada por próceres do partido? Solidariedade à corrupção como fazem os dirigentes do PT? Isto mesmo, solidariedade à corrupção. Sem tirar nem por. É que estamos no Brasil, um país onde, como dizia o grande filósofo mineiro Kafunga, excomentarista esportivo e ex-goleiro do Atlético: “No Brasil, o certo é que é errado e o errado é que é certo”. Tem-se, pois, uma preliminar do que serão as eleições de 2014: No Brasil, corrupção não tira votos, agrega. Se qualquer dos mensaleiros pudesse ser candidato, poderia, em São Paulo ou em outro lugar do país, se transformar num novo Tiririca, seria campeão de votos.

A desenvoltura do PT em homenagear os detentos José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares, e os privilégios que a carceragem de Brasília concede a esses próceres e dirigentes partidários que estão vendo o sol nascer quadrado dá-nos uma primeira visão do que serão as eleições de 2014: os corruptos viraram cabos eleitorais. Pode-se, por isto mesmo, antever que no ano de 2014 não haverá nenhum problema em se praticar uma corrupção deslavada, tendo como exemplo os mensaleiros. Seria isto possível ou provável? Em política tudo é possível.

Quanto mais corrupto for o partido, quanto mais corruptos forem seus dirigentes, quanto mais corruptos forem seus candidatos, dentro desta tese mais possibilidades teriam estes e aqueles nas eleições, porque uma boa parte do eleitorado já demonstra que pode mesmo optar pelos corruptos, embora os setores mais esclarecidos a abominem. Mas, há muitos eleitores, espalhados por todos os rincões deste país, que querem tirar alguma vantagem dos candidatos. E só os corruptores podem fazer isto: comprar a consciência e o voto do eleitor.

E como vão ficar os financiadores de campanha? Preocupados com uma possível e pouco provável vigilância da Justiça Eleitoral que, aparentemente, deveria fiscalizar a lisura do pleito, fatalmente vão palmilhar as veredas que conduzem ao exercício ilícito de ações que o réu condenado do mensalão, Delúbio Soares, classificou como “recursos não contabilizados”. O que mais pode ocorrer nas eleições do próximo ano será a utilização de “recursos não contabilizados”, ou seja, uso e abuso da clandestinidade para abastecer o caixa dois de candidatos por estes brasis afora.

E como vai agir a Justiça Eleitoral? Bem, a Justiça Eleitoral, pelo que tem agido até o momento, poderia continuar conivente com a corrupção, como ainda não agiu diante do notório desencadeamento prematuro da campanha eleitoral. A Justiça Eleitoral nada fez, até agora, face os atos exclusivamente eleitoreiros praticados por políticos de todos os partidos, como ocorre com a desenvoltura do governo Dilma que vem distribuindo, em todo o Brasil, a torto e a direito, para as prefeituras, máquinas e equipamentos, como pás carregadeiras, patrols, retroescavadeiras etc. Com tais ações, Dilma Rousseff investe pesado com dinheiro público para ter o apoio dos prefeitos.

Espera-se alguma ação da Justiça Eleitoral para coibir abusos dos tubarões? Nada, absolutamente nada se espera, por enquanto. Sabe-se, isto sim, que a Justiça Eleitoral, como vem ocorrendo, pune bagrinhos. Com estes não há condescendência. Para eles, “dura lex, sed lex”. Para os tubarões, “dura lex, sed látex”. E pronto. Quem sabe se a Justiça Eleitoral ainda poderá endurecer o jogo, o que seria pouco provável.

E os reflexos das condenações dos mensaleiros? Esperavase que houvesse uma depuração dos costumes políticos deste país, que as eleições transcorressem de forma limpa, que, de fato, prevalecesse a vontade livre do eleitor. Mas, o que se vê é uma clara demonstração de que as consequências do julgamento e condenação dos mensaleiros vão aprimorar muito pouco a semidemocracia brasileira.

De uma coisa podem estar certos aqueles que abominam a corrupção: o que se nota, desde já, é que a corrupção não apenas continuará solta, como vai ser aprimorada nas eleições de 2014. Certamente os fora da lei poderão ter mais cuidado na compra de votos, como o governo federal tem tido cuidado nas barganhas políticas com os membros da base aliada no Congresso Nacional.

Conclui-se, pois, que a corrupção neste país, que a desonestidade, cujas raízes remontam às capitanias hereditárias, certamente vai continuar grassando a todo vapor. Não é demais reproduzir aquela famosa frase de Rui Barbosa, em um discurso pronunciado no Senado Federal, em 1914, há, portanto, um século: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.

É preciso dizer mais?

 

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